O avanço na carreira profissional exige mais do que um bom currículo ou anos de experiência. Segundo Fernanda Tochetto, psicóloga e especialista em desenvolvimento humano e educação empresarial, conhecer o próprio perfil comportamental, investir em estratégias de posicionamento e manter disciplina são ações decisivas para quem deseja conquistar autoridade e alcançar cargos de maior influência. “Parar de operar no piloto automático é o primeiro passo. Perfil comportamental não é rótulo, é ferramenta de decisão”, afirma.
Fundadora do Tittanium Club, Tochetto tem mais de 24 anos de experiência na formação de líderes e no desenvolvimento de estratégias voltadas à performance. Ela defende que habilidades como empatia, adaptabilidade e resiliência, classificadas como “soft skills”, são mais determinantes para o crescimento do que conhecimentos técnicos isolados. A análise é respaldada pela pesquisa “Global Talent Trends”, realizada pelo LinkedIn, que aponta que 89% dos líderes de RH consideram essas habilidades tão ou mais importantes do que competências técnicas no momento da contratação ou promoção.
“Quando o profissional entende o que o move e também o que o trava, ele se posiciona com mais segurança e assertividade. Isso impacta diretamente sua imagem e sua autoridade no ambiente corporativo”, explica.
Para Tochetto, o erro mais comum é a confusão entre imagem, autoridade e posicionamento. “A imagem é o que se vê, a autoridade é o que se entrega e o posicionamento é o que se comunica. Coerência entre esses três elementos é o que constrói uma trajetória sólida”, diz.
Ferramentas como a análise DISC, que mapeia perfis de dominância, influência, estabilidade e conformidade, são apontadas pela especialista como aliadas no processo de autoconhecimento e planejamento de carreira. Ela também chama atenção para um fator muitas vezes negligenciado: a visibilidade. “Não adianta ser bom e não ser visto. Visibilidade precisa ser construída com consistência, propósito e comunicação estratégica”, destaca.
Nesse sentido, a atuação em plataformas como o LinkedIn e a participação ativa em grupos de networking são apontadas como caminhos eficazes. No entanto, a transformação da reputação em autoridade de mercado ainda é restrita a uma parcela minoritária. Pesquisa da FGV com mais de 4 mil executivos revelou que apenas 12% conseguem converter sua presença digital em reconhecimento efetivo por parte do mercado.
Tochetto critica o que chama de “lógica do conteúdo vazio” nas redes e reforça a importância de comunicar valor de forma clara. “O mercado quer saber: o que você resolve? Que transformação você entrega? Não basta autopromoção, é preciso comunicar contribuição real”, afirma.
O crescimento profissional, segundo a especialista, também depende de fatores como foco, autoconfiança e gestão emocional. Para isso, ela propõe a chamada técnica 4D, método que orienta o profissional a identificar bloqueios internos, reformular objetivos e executar ações práticas. “Muitos travam por medo ou insegurança. A mente bem treinada sustenta metas ambiciosas”, diz.
Entre as estratégias recomendadas estão os microcompromissos — ações pequenas, porém consistentes —, o uso de afirmações produtivas e a inserção em redes de apoio e ambientes estratégicos. “Ninguém cresce sozinho. O ambiente certo potencializa a ação. Estar entre pessoas que falam a mesma língua ajuda a manter o foco e traz clareza para a jornada”, resume.
Para Fernanda Tochetto, o verdadeiro progresso acontece quando o profissional assume protagonismo sobre a própria história. “Carreira não é linha reta, mas também não é aleatória. Quem cresce de forma consistente tem um plano, uma postura e um método”, conclui.