O momento é crítico. Entraves comprometem nossa competitividade, limitando investimentos e levando ao fechamento de fábricas, como as da Eli Lilly, Roche e Ford. Só com a fábrica da Ford, 2.800 empregos serão perdidos.

Por que isto está acontecendo? Alta carga tributária, excesso de encargos trabalhistas, alto custo logístico, ampla flutuação cambial e juros elevados. A indústria é um grande empregador, o setor mais produtivo e com os mais altos salários, mas também é um dos mais tributados. Isto nos condena a produzir e exportar produtos de baixo valor agregado. Dos dez principais produtos que exportamos no primeiro trimestre, nove são commodities. A consequência? Menos empregos e salários mais baixos.

Pela alta carga tributária, não atraímos investimentos para exportação de veículos, como o faz o México. Lá, além da produção para mercado interno, há uma produção ainda maior para o externo. Em 2018, o México exportou 88% da produção, o Brasil 22%.

Aqui, faltam programas para estimular exportações, impedindo o aproveitamento da grande capacidade ociosa e geração de empregos. Exportar é uma necessidade para a indústria receber investimentos externos e sobreviver. Por causa da grande flutuação cambial e sem grandes receitas de exportação, as multinacionais não têm previsibilidade de ganhos, deixando de investir. Preferem levar os recursos e os empregos para países onde as condições são mais favoráveis.

Após a entrada em vigor do acordo de livre comércio de automóveis e autopeças entre o Brasil e o México, a questão ficou ainda mais importante. Abertura de mercado é bem-vinda. Traz o potencial de aumentar nossa competitividade e integrar mais o Brasil na cadeia global de produção, mas para isso, necessitamos de equidade nas condições. Caso contrário, a indústria nacional será aniquilada e a produção e os empregos migrarão para o México.

Hoje, o custo de produzir um veículo no Brasil é 18% maior do que no México. Quando se acrescentam os impostos, caso o veículo seja vendido no mercado interno, os custos totais no Brasil são 40% maiores. Caso seja exportado, o carro pagará 15% em impostos.

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No México, esse índice é de 2%.

Uma reforma tributária ampla é fundamental para novos investimentos e mais empregos. Enquanto não acontece, uma solução transitória seria aumentar o Reintegra, criado para compensar os impostos pagos na exportação, dos atuais 0,1% para 9%. Ou o Brasil acaba com seus problemas de competitividade ou os problemas de competitividade acabam com o Brasil.

O custo de um carro para o mercado interno é 40% maior que o de seu equivalente mexicano. Se exportado, os impostos somariam 15%. No México, o índice é de meros 2%


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