A procura de europeus por jogadores cada vez mais jovens não é fruto apenas da pressa e do capricho em ter um reforço antes de que algum rival o consiga. O precocidade nas transferências tem como um dos motivos o próprio sucesso do Brasil nas categorias de base, hoje mais estruturadas do que no passado.

Nos últimos anos a CBF conseguiu organizar melhor o segmento. A criação de um calendário fixo, com competições regulares como Campeonato Brasileiro Sub-20 e Copa do Brasil Sub-20 e Sub-17, possibilitou aos clubes desenvolver mais seus garotos. Eles despontam mais cedo. Além disso, como os torneios são mostrados na TV ou na internet, conseguem tornar os talentos mais conhecidos internacionalmente.

A seleção brasileira também acompanhou essa evolução ao contratar mais olheiros. Eles viajam pelo País e acompanham de perto essas competições. Antigamente, as convocações da base se baseavam na indicação de alguns treinadores. Agora, são formadas pela observação presencial das partidas.

Para o diretor das categorias de base do Palmeiras, João Paulo Sampaio, que tem experiência de mais de 20 anos na área, ver clubes europeus contratarem adolescentes com poucos jogos no profissional do Brasil será um processo cada vez mais frequente e comum.

“O europeu viu que é melhor ele chegar antes da estreia desse atleta no profissional, principalmente devido à moeda brasileira. Para eles, sai muito mais barato, mais em conta, vir e pagar uma quantia agora. Depois que o jogador estrear como profissional, o valor aumenta”, diz.

O Palmeiras é o clube brasileiro que mais conquistaram títulos nas categorias de base no último ano e também o time que mais teve atletas convocados para seleções de base. O clube passou por uma reformulação recente no departamento inferior, processo também realizado por outras equipes do País.

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“Houve no Brasil um investimento dos clubes em relação à estrutura, com número maior de pessoas, de olheiros. Os clubes europeus têm uma rede enorme de observadores e gostam dos jogadores brasileiros porque são diferenciados, porque driblam muito”, explicou.

A solução dos clubes brasileiros contra a procura estrangeira é oferecer contratos vantajosos ao garoto e incentivar nele o desejo de escrever uma história bonita no time que o formou. “Tentamos fazer com o que clube se proteja e possa ganhar lá na frente com a venda. Mas é inevitável a saída”, acredita o diretor palmeirense.


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