12/02/2024 - 12:07
As homenagens se multiplicam nesta segunda-feira, (12) poucas horas depois da morte do recordista mundial da maratona, Kelvin Kiptum, de 24 anos, e do seu treinador Gervais Hakizimana, num acidente automobilístico ocorrido no domingo no Quênia, que chocou o mundo do atletismo.
O novo fenômeno do atletismo, de 24 anos, casado e pai de dois filhos, morreu na noite de domingo, por volta das 23h locais (17h de Brasília), perto da cidade de Kaptagar, no Vale do Rift, sua região de origem e onde ele estava treinando, anunciou a polícia.
Kiptum conduzia o veículo em que viajavam três pessoas, “Os dois (falecidos) são Kiptum e o seu treinador”, disse Peter Mulinge, comandante da polícia do condado de Elegeyo Marakwet, no oeste do Quênia.
“Era Kiptum quem dirigia em direção a Eldoret quando perdeu o controle (…) matando dois ocupantes no local. Uma passageira ficou ferida e foi levada às pressas para o hospital”, acrescentou.
Segundo o relatório policial consultado pela AFP, Kiptum “perdeu o controle (do carro) e saiu da estrada”, rolando “cerca de 60 metros antes de bater numa grande árvore”.
A televisão queniana exibiu imagens do estado em que o veículo ficou, com o para-brisas destruído e o teto completamente deformado pelo impacto.
Kiptum estabeleceu o melhor tempo mundial (2 horas e 35 segundos) na maratona de Chicago em outubro passado e estava em fase de preparação para os Jogos Olímpicos de Paris.
Essa marca Kiptum foi a terceira vez que foi estabelecida como recorde mundial masculino em Chicago, e a primeira desde 1999, quando foi conseguida pelo marroquino Khalid Khannouchi.
Kiptum tomou o recorde do seu compatriota Eliud Kopchoge, que reagiu nas redes sociais à morte do rival, se mostrando “profundamente triste”.
“Um atleta com toda a vida pela frente para alcançar a excelência”, acrescentou.
Kiptum também venceu as duas maratonas anteriores, na estreia em Valência em 2022 e no ano seguinte em Londres.
O atleta queniano anunciou a intenção de se tornar o primeiro homem a correr uma maratona oficial em menos de duas horas, na competição de Roterdã, no dia 14 de abril.
O presidente do Quênia, William Ruto, chamou Kiptum de “um atleta extraordinário” que deixou uma marca no mundo.
“Possivelmente um dos melhores atletas que quebrou barreiras para alcançar o recorde da maratona”, publicou Ruto na rede social X, onde descreveu Kiptum como “o nosso futuro”.
Sebastian Coe, presidente da World Athletics, disse que ficou “chocado e triste ao saber desta perda devastadora”.
“Em nome da World Athletics, enviamos as nossas mais sinceras condolências às suas famílias, amigos, companheiros e ao Quênia”, disse Coe em um comunicado.
“Um atleta incrível deixa um legado incrível, sua falta será muito sentida”.
“Esperávamos dar a ele as boas-vindas na comunidade olímpica nos Jogos de Paris 2024 e ver do que o maratonista mais rápido era capaz”, escreveu Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, no X.
O bicampeão olímpico queniano dos 800m, David Rudixha, disse que a morte de Kiptum é “uma grande perda”.
A Athletics Kenya enviou as suas condolências “a toda a comunidade atlética neste momento difícil”.
O técnico Hakizimana, natural de Ruanda, foi um corredor que treinou durante anos no Quênia, onde conheceu Kiptum na cidade de Chepkorio.
Na aldeia da família Kiptum, vários moradores vieram confortar o pai do atleta, Samson Cheruiyot, e também sua viúva, Asenath Rotich.
A morte prematura de Kiptum lembra a de outro grande maratonista do Quênia, Samuel Wanjiru, que também morreu aos 24 anos.
Wanjiru, campeão olímpico em 2008 em Pequim, morreu em 2011 após cair de uma varanda.
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