17/04/2022 - 13:34
Atordoada no meio da rua, Svitlana Peleligina olha para as ruínas de seu prédio destruído pela última salva de bombardeios em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia.
“A casa inteira tremeu”, disse a mulher de 71 anos à AFP neste domingo (17). “Aqui tudo começou a queimar.”
“Liguei para o corpo de bombeiros. Eles disseram: ‘Estamos a caminho, mas também estamos sendo bombardeados'”, lembra ela.
Segundo as autoridades, cinco pessoas morreram e 13 ficaram feridas no último bombardeio em Kharkiv, a apenas 21 quilômetros da fronteira russa.
Desde que o presidente russo Vladimir Putin cancelou sua ofensiva no norte da Ucrânia para tomar Kiev, seus esforços militares estão agora concentrados no leste do país.
Kharkiv é um dos pontos estratégicos que agora está sendo bombardeado quase diariamente por tropas russas concentradas nos portões da cidade.
“Sabe quando um cachorro ouve um ‘bum’ e todo o seu corpo começa a tremer mesmo com o barulho longe? Agora estou assim”, disse Zinaida Netrizhenko, 69 anos, encolhida à beira de uma estrada com seu gato, que ela conseguiu resgatar de sua casa.
“Tudo, cada parte de mim está tremendo”, confessou.
Neste domingo, jornalistas da AFP no local ouviram duas explosões e depois viram cinco incêndios diferentes em prédios de apartamentos com lojas no térreo, no que costumava ser um bairro silencioso do centro da cidade.
Todos os prédios do governo ao redor foram destruídos por outros ataques aéreos russos anteriores à cidade sitiada, que abrigava 1,4 milhão de pessoas antes da guerra.
Uma autoridade disse neste domingo que uma frota de 33 veículos de resgate foi enviada com 150 bombeiros para mais de 15 endereços em toda a cidade, após uma ligação de emergência por volta das 14h.
Logo após as explosões, caminhões de bombeiros correram em todas as direções enquanto pedestres e carros se espalhavam em pânico. As ruas estavam cheias de cacos de vidro e telhados destruídos pela força das explosões.
Em cada esquina parecia haver um novo local para as equipes de resgate atenderem, desenredando freneticamente as mangueiras e conectando-as a bombas d’água.
As equipes de resgate subiram uma escada alta para abrir uma porta e acessar um telhado danificado pela explosão. Através do buraco naquele telhado era possível ver os bombeiros trabalhando desesperadamente em outra casa destruída na rua.
Perto dali, um casaco marrom jazia na calçada, manchado de vermelho pelo sangue acumulado na rua, misturado com a água da chuva que encharcava a cidade.