Um adolescente de 15 anos morreu nesta sexta-feira (5) após um ataque brutal ocorrido na véspera, quando saía da escola, na França, onde o presidente Emmanuel Macron fez um apelo para proteger as escolas da “violência desinibida” entre jovens.

A agressão ocorreu na quinta-feira (4) em Viry-Châtillon, cerca de 20 quilômetros ao sul de Paris, dois dias depois de outro espancamento brutal contra uma adolescente de 14 anos em Montpellier, no sul do país, que conseguiu sair do coma.

As escolas “devem continuar sendo um santuário” face a “uma forma de violência desinibida entre os nossos adolescentes”, disse Macron, durante uma visita a uma escola de Paris antes do anúncio da morte.

“Frente a este crime bárbaro e a violência, nossa sociedade não cederá”, declarou na rede social X a porta-voz do governo, Prisca Thevenot, garantindo que seus autores serão “castigados”.

A líder da extrema direita, Marine Le Pen, denunciou uma “devastação que corrói a sociedade” e apelou ao governo de Macron, sob pressão da direita em questões de segurança, que leve em conta seu alcance.

Nesta sexta, a comoção tomou conta nos arredores da escola de ensino médio Les Sablons, onde estudava Shamseddine, o adolescente falecido, confirmaram jornalistas da AFP.

Seus colegas de classe o descreveram como um jovem “sorridente” e “sem problemas”, que conversava com todos. “Não podem fazer isso com um jovem de 15 anos”, disse Omar (nome fictício), um amigo da vítima, à AFP.

O incidente ocorreu por volta das 16H30 de quinta-feira, quando diversas pessoas “agrediram violentamente” o jovem após sair da aula. Segundo o Ministério Público, um pedestre ficou “gravemente ferido” em uma rua próxima.

Segundo uma fonte policial, três jovens vestindo balaclavas atacaram Shamseddine no saguão de um prédio.

A Justiça abriu uma investigação por homicídio e as “investigações continuam para determinar as circunstâncias destes atos criminosos e permitir a prisão dos autores”, disse o promotor de Évry, Grégoire Dulin, em um comunicado.

– Redes sociais –

No caso de Montpellier, o promotor local, Fabrice Belargent indicou que a agressão poderia ter ocorrido “no contexto de um grupo de adolescentes que costumava se xingar” nas redes sociais e publicar fotos.

Uma adolescente de 15 anos e duas menores de 14, incluindo uma que estudava no mesmo local que a vítima, reconheceram ter participado da agressão e foram detidas, informou o Ministério Público.

Após sair do coma na quarta-feira, Samara, a jovem agredida em frente à escola de ensino médio Arthur Rimbaud, confirmou a agressão perante a Justiça, que investiga o caso como tentativa de homicídio culposo.

Na imprensa, a mãe da vítima afirmou que sua filha sofria bullying, especialmente de uma colega de turma, e que isso poderia acontecer a um conflito por sua forma de vestir e práticas religiosas.

A ministra da Educação Nacional, Nicole Belloubet, pediu uma investigação administrativa para “apurar todas as conclusões necessárias” da tragédia. “Temos uma política muito firme contra o assédio”, destacou.

Em Tours, no centro de França, cinco meninas entre 11 e 15 anos foram detidas por “espancar” na quarta-feira uma adolescente de 14 anos, que teve o nariz partido, e registrar o ataque, indicaram várias fontes.

A luta contra o bullying é uma das prioridades do governo de centro-direita de Macron, que também procura reforçar a “autoridade” nas escolas.

“Talvez tenhamos que aprender novamente a punir, a ser fortes, a ser firmes”, disse à imprensa um emocionado prefeito de Viry-Châtillon, Jean-Marie Vilain, para quem as crianças devem ser ensinadas que se fizerem algo errado, há consequências.

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