22/12/2023 - 15:49
Dezenas de tchecos se reuniram nesta sexta-feira (22) em frente a uma universidade em Praga, onde um estudante matou 14 pessoas e feriu mais de 20 na véspera antes de se suicidar no pior massacre da história do país, cujas motivações as autoridades tentam esclarecer.
Na entrada do prédio, os moradores da capital tcheca se reuniram em pequenos grupos e criaram um memorial com centenas de velas em homenagem aos mortos na tragédia, que causou caos e comoção no campus da Universidade Carolina.
“Não estamos nos Estados Unidos, essas coisas não acontecem na República Tcheca”, declarou Richard Smaha, um aluno de 17 anos de uma escola de ensino médio próxima.
O ataque ocorreu na Faculdade de Artes da Universidade Carolina, localizada no centro histórico da capital tcheca, perto de importantes atrações turísticas.
O autor do ataque, um estudante de 24 anos, matou 13 pessoas e feriu 25 antes de se suicidar. A décima quarta vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital nesta sexta-feira.
“Entre os feridos no ataque à Faculdade de Artes, há três estrangeiros: um cidadão dos Países Baixos e dois dos Emirados Árabes Unidos”, disse o ministro do Interior, Vit Rakusan, aos jornalistas, que havia afirmado anteriormente que as vítimas fatais foram identificadas.
“Vim prestar homenagem aos estudantes assassinados, também porque poderíamos ter sido qualquer um de nós”, afirmou Antonin Volavka, estudante de uma universidade técnica, ao acender uma vela no local. “Realmente, poderia ter sido eu”, acrescentou.
O governo decretou luto nacional no sábado e pediu à população que observe um minuto de silêncio ao meio-dia.
O chefe da polícia, Martin Vondrasek, indicou que o agressor, que não tinha antecedentes criminais, possuía um “enorme arsenal de armas e munições” e que as forças de segurança evitaram um massacre ainda pior graças à intervenção rápida.
“Estou há 31 anos no serviço e já vi muitas coisas”, declarou à imprensa. “Mas o que vi ontem foi a experiência mais aterrorizante da minha vida.”
Algumas das vítimas eram colegas do agressor. Vondrasek explicou que antes do ataque já estavam em busca do jovem, pois seu pai havia sido encontrado morto na vila de Hostoun, a oeste de Praga.
O jovem “foi a Praga dizendo que queria se suicidar”, acrescentou Vondrasek, que não confirmou se foi ele quem matou o pai.
A polícia foi procurá-lo em um prédio da Faculdade de Artes, onde tinha uma aula programada, mas o jovem se dirigiu ao edifício principal da instituição.
O chefe da polícia afirmou que o homicida se inspirou “em um caso semelhante ocorrido neste outono na Rússia”.
Vondrasek acrescentou que a polícia suspeita que esse jovem também esteja envolvido no assassinato, em 15 de dezembro, de um homem e seu bebê de dois meses em uma floresta nos arredores de Praga.
A investigação desse duplo homicídio estava parada até que a polícia encontrou provas em Hostoun que o vinculam ao crime.
O ministro do Interior afirmou que “não há nenhum indício de que esse crime tenha relação com o terrorismo internacional”.
“Nada pode justificar este ato horrível”, declarou o primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressou suas condolências e condenou o que chamou de um ataque a tiros “sem sentido”.
O presidente francês, Emmanuel Macron, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, também ofereceram suas condolências.
Este massacre é o pior na história recente da República Tcheca.
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