Pela primeira vez na história do Big Brother Brasil, um atleta paralímpico está na disputa pelo prêmio milionário. Destaque no BBB24, Vinicius Rodrigues também é a primeira pessoa com deficiência a participar do reality.

Antes de entrar no programa, o atleta já havia contado, em entrevistas, como perdeu parte da perna esquerda. O caso aconteceu em 2014, quando ele tinha 19 anos e trabalhava na oficina mecânica de uma seguradora em Maringá (PR).

“Estava fazendo um ‘corre’ de moto, na hora do almoço. Eram 13h e um carro me fechou. Eu estava a 60 km/h e ele fechou as duas vias. Eu bati e já fiquei sentado no canteiro, deu para voar em câmera lenta”, contou, em 2021, em entrevista ao Mini Podcast.

“Eu lembro de tudo […] Eu caí sentado no chão e parecia o Wolverine. O braço quebrado, luxado, a perna estava na bunda. Aí eu joguei a perna para a frente, tentei levantar e caí. Não senti dor, estava em choque. Depois eu olhei para o meu braço e vi que estava quebrado”, continuou Vinicius, que ainda contou que teve de abandonar a preparação para um concurso para se tornar policial no Paraná.

O atleta ainda disse que, além da fratura exposta na perna, perdeu muito sangue. “Explodiu mesmo [a perna]. A pele que segurou. Ficou parecendo ‘bagulho’ de açougue”, narrou. Por sorte, ele se acidentou próximo a um pronto-socorro.

“No hospital, o médico falou: ‘Vamos ter que cortar sua perna. A gente pode tentar reconstruir, mas vai ter que arrancar o couro da bunda.’ Eu falei: ‘Não, não vai arrancar o couro da minha bunda, não. Já perdi a perna, vou perder a bunda? Mete a faca nisso aí'”, contou, com bom humor.

Vinicius ainda celebrou o fato de ter tido uma boa recuperação e ter voltado a andar após quatro meses.

Vinicius Rodrigues
Vinicius Rodrigues (Crédito:Reprodução/Instagram)

Ingresso no esporte

No mesmo podcast, o atleta contou como entrou para o esporte e descobriu sua vocação. Nos dias em que ficou internado após o acidente, ele recebeu a visita da também atleta paralímpica Terezinha Guilhermina, com quem tinha um amigo em comum.

“A cega mais rápida do mundo chegou lá no meu quarto e me deu o moletom das Olimpíadas de Pequim, que ela usou no pódio […] Dormi com o ‘bagulho’ três dias. Aquilo me fez virar a chave rapidão, que eu nem percebi. Sempre fui meio maluco positivo, e isso me ajudou a não pirar”, revelou.

Motivado pela visita de Terezinha, Vinicius resolveu contatar Heinrich Popow, um atleta paralímpico alemão, no Instagram.

“Falei: ‘Perdi minha perna, estou no hospital. Como eu faço para correr?’ E aí o alemão me respondeu, um recordista mundial. Disse que tinha um amigo em São Paulo, o Ian, que foi quem me ajudou com as próteses.”

Quando recebeu alta do hospital, Vinicius ganhou uma viagem a São Paulo, com a ajuda de uma vaquinha, para conseguir suas próteses.

“Com quatro meses eu estava do lado do homem. Era uma clínica de corrida. O alemão veio para o Brasil, juntou dez pessoas que nunca tinham corrido na vida, e eu estava lá no meio. Colocaram a perna de corrida em mim cinco meses depois do acidente. Me vi no espelho e falei: ‘Agora ninguém me pega.’ Colei do lado do alemão o evento todo e me deram a perna. Ganhei o patrocínio e chorei muito”, detalhou.

Quatro anos depois, Vinicius bateu o recorde de Popow.

Assista a entrevista completa: