Como será a recuperação de Edu Guedes após a alta da cirurgia de câncer?

Márcio Almeida Paes, oncologista clínico do Grupo Oncoclínicas de Brasília, explica e esclarece algumas dúvidas sobre como será a recuperação do apresentador

Reprodução/Instagram.
Edu Guedes. Foto: Reprodução/Instagram.

Na tarde desta sexta-feira, o apresentador Edu Guedes, 51 anos, recebeu alta do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, 10 dias antes do previsto pelos médicos, após ser submetido a uma cirurgia para remover a cauda do pâncreas, alguns gânglios e o baço. O chef de cozinha foi diagnosticado com câncer e realizou o procedimento no último final de semana.

A boa notícia foi revelada pela noiva de Edu, a apresentadora Ana Hickmann, 44 anos, por meio das redes sociais. “Meu amor está de volta em casa!!! Que alegria!!! Preparei um almoço surpresa para recebê-lo com todo amor do mundo. Muita gratidão a Deus, aos médicos e a todos os profissionais que cuidaram do Edu com tanto carinho. A recuperação dele está sendo maravilhosa. Muito obrigada a todos que rezaram por ele. Está dando certo!”, escreveu ela ao publicar fotos do casal ao lado de amigos no feed do Instagram.

Na última quarta-feira, 9, Edu Guedes usou seu canal no YouTube para falar em detalhes sobre as recentes cirurgias pelas quais passou e sobre o diagnóstico do câncer de pâncreas.

Após receber alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Israelita Albert Einstein, no bairro do Morumbi, em São Paulo, o marido de Ana Hickmann disse que o tumor estava localizado na cauda do pâncreas e foi retirado ainda em estágio inicial, o que significa alta chance de cura.

Recentemente, Edu Guedes passou mal devido a uma infecção decorrente de uma crise renal. Na ocasião, ele foi submetido a mais de um procedimento cirúrgico de emergência devido ao comprometimento dos rins. Após alguns exames mais detalhados, foi descoberto um nódulo no pâncreas.

 

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Tumor no pâncreas

Nem todos os tumores no pâncreas são cânceres. Alguns são benignos — ou seja, não se espalham e não oferecem grandes riscos —, enquanto outros podem ser malignos, com o potencial de se espalhar para outros órgãos, configurando o câncer.

O câncer de pâncreas é uma doença silenciosa e agressiva. Seus sintomas são frequentemente confundidos com os de outras condições e, por isso, o diagnóstico costuma ser tardio, permitindo que o quadro evolua para estágios mais graves antes de qualquer intervenção, o que eleva a taxa de mortalidade.

Em março, a nossa reportagem conversou com o médico oncologista Dr. Wesley Pereira Andrade, que nos explicou tudo sobre a doença.

“Na sua fase inicial, o câncer de pâncreas não apresenta sintomas. Entretanto, à medida que vai crescendo, os sintomas podem incluir perda de peso, dor abdominal, amarelamento dos olhos, conhecido como icterícia, associado à colúria (escurecimento da urina) e à colia fecal (esbranquiçamento das fezes)”, diz o profissional.

Como diagnosticar?

O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, principalmente a ressonância magnética, que chamamos de colângio-pancreatografia. Também é possível identificar essas lesões pancreáticas em tomografias de abdômen e ultrassonografias abdominais. Quando se identifica uma lesão pancreática, é necessária uma biópsia para confirmar o diagnóstico definitivo. Nesse processo, retira-se uma amostra da lesão e envia-se para análise no estudo anátomo-patológico, realizado por um patologista ao microscópio.

Para pacientes com mutações genéticas, é importante realizar o rastreamento dessas mutações nos familiares e, ocasionalmente, realizar exames de check-up periódicos.

Não existe um check-up, ou screening, recomendado para a população em geral, sendo essa recomendação restrita a pacientes com determinadas mutações genéticas.

Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores serão as taxas de cura. Uma vez diagnosticado o adenocarcinoma de pâncreas, o próximo passo é realizar o estadiamento para determinar se a doença está localizada ou se já se espalhou pelo corpo.

Outros sintomas incluem fraqueza, perda de apetite, perda significativa de peso, náuseas, vômitos e, nas fases mais avançadas, distensão abdominal.

Tratamento

Infelizmente, o câncer de pâncreas ainda apresenta altas taxas de mortalidade, apesar dos tratamentos disponíveis. Isso ocorre devido ao entupimento do canal da bile, o que impede a bilirrubina de ser eliminada pelo intestino, causando seu acúmulo no sangue.

Alguns casos exigem radioterapia complementar após o tratamento com quimioterapia e cirurgia.

Para lesões mais iniciais, a cirurgia é indicada, podendo ser uma ressecção da região da cabeça do pâncreas, nos tumores que acometem essa área, procedimento conhecido como duodenopancreatectomia. Para tumores nas regiões do corpo e cauda do pâncreas, pode ser realizada uma pancreatectomia distal.

Nos casos mais avançados de câncer de pâncreas, o tratamento começa com medicamentos à base de quimioterapia neoadjuvante, visando reduzir o tamanho da lesão e facilitar a cirurgia.

Chance de cura

  • Mais de 80% dos pacientes com câncer de pâncreas são diagnosticados na fase avançada, o que reduz consideravelmente a chance de cura.
  • Cerca de 90% dos pacientes com câncer de pâncreas falecem em até 5 anos, resultando em uma taxa global de cura de aproximadamente 10%.

“A nossa reportagem ressalta que as informações fornecidas pelos médicos oncologistas Dr. Wesley Pereira Andrade e Dr. Cleyson Santos não são destinadas ao caso do guitarrista Tony Bellotto. O profissional se expressa de forma geral e afirma que cada paciente diagnosticado com câncer no pâncreas tem seu caso clínico específico e individual.”

Como será a recuperação de Edu Guedes após a alta da cirurgia de câncer?

Com a alta médica de Edu Guedes, conversamos com Márcio Almeida Paes, oncologista clínico do Grupo Oncoclínicas de Brasília, que explica e tira algumas dúvidas sobre como será a recuperação do famoso. Entenda!

Por que Edu Guedes precisou retirar o baço?

Durante a cirurgia para tratar um câncer no pâncreas, o apresentador Edu Guedes também precisou retirar o baço. Isso acontece porque, em muitos casos, o tumor está localizado na parte final do pâncreas (chamada cauda), que fica bem próxima ao baço. Como os dois órgãos compartilham vasos sanguíneos, é comum que a remoção do tumor envolva também a retirada do baço, tanto por segurança quanto para garantir a maior remoção possível de células cancerígenas do corpo.

Como é a recuperação?

A recuperação após esse tipo de cirurgia exige cuidados, especialmente nos primeiros dias. O paciente costuma ficar internado por alguns dias, com acompanhamento médico, controle da dor e cuidados com a alimentação. A recuperação completa pode levar de quatro a seis semanas, com retorno gradual às atividades do dia a dia.

É possível viver sem o baço?

Sim. Apesar de o baço ter um papel importante no sistema de defesa do organismo, é possível viver sem ele. No entanto, quem retira o baço precisa tomar vacinas específicas (como contra pneumonia, meningite e gripe) e, em alguns casos, usar antibióticos para prevenir infecções. Também é importante buscar atendimento médico rápido em caso de febre ou sinais de infecção.

Referências Bibliográficas

Dr. Márcio Almeida Paes - Oncologista clínico do Grupo Oncoclínicas de Brasília, ex-chefe do Hospital de Base do DF.