01/04/2021 - 9:30
Em pouco mais de 70 dias na Presidência, Joe Biden já mostrou resultados que foram aprovados pela maioria da população. O democrata conseguiu passar no Congresso o maior pacote de estímulo econômico da história americana, no valor de US$ 1,9 trilhão. Não apenas cumpriu a promessa de campanha de vacinar 100 milhões de pessoas contra a Covid-19 nos primeiros cem dias de mandato, como dobrou a meta. Vai imunizar 200 milhões até 1º de maio. Da nova orientação humanitária para os imigrantes aos estímulos trilionários para a economia, o presidente conseguiu em tempo recorde imprimir uma nova agenda ao país, dando um show de gestão.
Por conta disso, já se posiciona de forma mais ambiciosa para os próximos anos. Na sua primeira coletiva, não descartou concorrer à reeleição em 2024, quando terá 81 anos. Enquanto isso, acelera as mudanças. Detalhará no decorrer de abril um novo pacote de investimentos, de até US$ 3 trilhões. A primeira parte prevê investimentos de US$ 1,6 trilhão na reconstrução da infraestrutura rodoviária, ferroviária e hidroviária americana, além de projetos na energia verde. A segunda parte será na Educação.
“Biden quer salvar a democracia americana e no mundo. Para isto, ele acalmará os descontentes”, diz Leonardo Trevisan, professor de Geoeconomia da ESPM. O especialista observa que os EUA não têm trens de alta velocidade, como os países europeus, e as rodovias, embora conservadas, são dos anos 1950. “O presidente planeja refazer a infraestrutura do país, para tornar a América compatível com a indústria 4.0 e a eletromobilidade”, explica. Já a segunda parte do pacote prevê a digitalização das pré-escolas e a universalização do acesso às universidades comunitárias e gratuitas.
Desde 21 de janeiro, o ritmo de medidas adotadas se mostrou alucinante. Entre as transformações concretizadas, Biden trouxe os EUA de volta ao Acordo de Paris, para reduzir as emissões de gases poluentes até 2030, e promete mudar a matriz energética americana nos próximos anos, dos combustíveis fósseis para a energia limpa — reforma que havia sido iniciada por Barack Obama e depois revertida por Donald Trump. Também aprovou o pacote de US$ 1,9 trilhão para custear trabalhadores diante da crise sanitária. Cada americano receberá um cheque de US$ 1,4 mil do governo, enquanto cada desempregado receberá um cheque semanal de US$ 300 até setembro.
“Nós queremos mudar o paradigma. Vamos começar a recompensar o trabalho, não apenas a riqueza na América” Joe Biden, presidente dos Estados Unidos
Essas iniciativas catapultaram o apoio da população. Pesquisa da ABC News e do Instituto Ipsos, publicada no dia 28, mostrou que 60% dos entrevistados aprovaram o pacote de auxílio de US$ 1,9 trilhão, incluídos 41% dos eleitores republicanos. A recepção também foi entusiasmada na área da saúde. A sondagem mostrou que 78% dos americanos aprovam a condução do presidente no combate à pandemia. No total, Biden conta com a aprovação de 53% dos americanos, indica outra pesquisa da Associated Press.
Economia reaquecida
Com esta rápida reação à pandemia e no combate ao desemprego e à pobreza, a projeção do FMI é que a economia americana poderá crescer 5,5% em 2021, o que reverterá a queda de 3,4% de 2020, último ano do governo Trump. As projeções indicam ainda que a taxa das pessoas que vivem na pobreza poderá ser reduzida de 13,7% para 8,7% dos 330 milhões de americanos, estima o Urban Institute. Também há desafios pela frente. Embora sob controle, a pandemia do coronavírus, que já matou 550 mil americanos, é um deles, já que há o risco de novas ondas, principalmente em função de variantes do coronavírus. A taxa de desemprego também preocupa. Mas o humor do país mudou. A promessa agora é vacinar toda a população adulta até o dia 4 de Julho, quando é comemorada a independência. Segundo Biden, a data marcará a volta do país à normalidade, ainda que com cuidados sanitários. A rápida vacinação e a reativação da economia, seus méritos, parecem ter colocado os EUA de volta no caminho da prosperidade. E, depois de quatro anos de polarização e crises em série, a população parece confiante, novamente, em ter um estadista no governo. É uma sinalização positiva, recebida com alívio em todo o mundo.