SÃO PAULO, 11 SET (ANSA) – Redução do consumo de plástico, reciclagem e tratamento de lixo são termos que têm ganhado cada vez mais força no Brasil e no mundo. No entanto, um outro tipo de resíduo merece atenção: o de fios e cabos elétricos. Materiais usados em produtos eletrônicos, automóveis, eletrodomésticos e na construção civil, os fios e cabos requerem um descarte específico e podem, inclusive, ser reaproveitados e ganharem um novo destino no ciclo de consumo. De acordo com Wallyson Ferreira, da empresa brasileira EcoRobust, pioneira na fabricação de equipamentos e máquinas para a reciclagem de fios e cabos no Brasil, o ideal é que as pessoas e as empresas evitem usar fogo no descarte dos materiais.   

“Antigamente, a separação entre plástico e metal dos fios e cabos era feita de forma inadequada, com queima ou garimpo, o que contaminava a água ou o solo”, explicou Ferreira, em entrevista à ANSA. “Nós desenvolvemos máquinas que operam a seco. Não tem nenhum prejuízo ao meio ambiente, porque utilizamos ar para fazer essa separação. É 100% ecológica”, ressaltou. A companhia, que começou há cinco anos, de maneira familiar, em um espaço de 300 metros quadrados em Sumaré, está hoje expandindo suas operações e exportando equipamentos para México, Chile, Peru e Argentina. “Iremos nos mudar para um outro espaço com mais de mil metros quadrados”, contou Ferreira. Considerando que em um fio elétrico tem 40% de sua massa feita de plástico e 60% de cobre, e uma , máquina recicladora trabalha com uma tonelada de fios elétricos por dia, é possível acumular em um ano 365 toneladas recicladas, sendo 146 toneladas de plástico e 219 de cobre. Com os materiais separados, tanto o plástico quanto o metal podem ser reaproveitados novamente pela indústria. “As empresas podem comercializar o cobre e o plástico – vendendo para terceiros – ou também usá-los para a fabricação de outros cabos”, explicou o gerente da EcoRobust. “Esse processo se chama manufatura reversa”, pontuou. De acordo com o especialista, no futuro, as empresas terão que pensar no ciclo completo. “Não só na manufatura, mas sim, na manufatura reversa”, ressaltou.   

Além dos ganhos ambientais, os rendimentos financeiros que a manufatura reversa proporciona acabam atraindo cada vez mais interessados. “O mundo está começando a perceber que vale a mais a pena você reciclar os itens, pois você acaba tendo uma recompensa ecológica e financeira”, disse o representante da EcoRobust, que apresentará suas máquinas na Wire South America, um das maiores feiras da América Latina do setor de fios e cabos. A próxima edição ocorrerá entre os dias 1 e 3 de outubro, no São Paulo Expo, com organização da CIPA Fiera Milano.   

(ANSA)