Está mais do que comprovado que praticar atividades físicas ao ar livre traz inúmeros benefícios à saúde. Uma pesquisa norte-americana publicada no American Journal of Lifestyle Medicine, por exemplo, apontou que se exercitar em ambientes externos contribui para fortalecer o sistema imunológico, além de aumentar a resiliência diante das variações climáticas e melhorar o controle da dor. Isso sem contar a sensação de liberdade do vento no rosto, não é mesmo?
O risco de assaltos, no entanto, pode ser um obstáculo para muitos esportistas. Tanto que, recentemente, pesquisadores brasileiros chamaram a atenção para o problema em um artigo publicado no Journal of Physical Activity and Health. De acordo com os cientistas, a falta de segurança pode ser um dos motivos por trás do elevado número de sedentários no país (59,5%).
“Diante deste cenário, o ideal é escolher locais movimentados e bem iluminados, que são mais seguros”, recomenda Marcella Casemiro, co-fundadora do grupo de corrida “Elas que voam”, que se reúne semanalmente no Parque Ibirapuera, na capital paulista. Nem sempre, porém, os esportistas vivem em locais próximos a parques, ciclovias ou praças cheias. Como driblar os riscos e se manter na ativa? A seguir, a corredora dá mais dicas.
Evite distrações
Caminhar, correr ou pedalar ouvindo música ou podcasts pode ser relaxante para algumas pessoas. Se você costuma se exercitar na rua, entretanto, Marcella Casemiro, do “Elas que voam”, recomenda prestar atenção total no ambiente ao seu redor. “A não ser em locais controlados, como em dias de prova, melhor evitar esse tipo de distração. Pois, na rua, também é preciso estar atento aos carros”, alerta. Uma alternativa, para quem não abre mão desse tipo de estímulo, é usar o fone de ouvido apenas de um lado.
Escolha locais e horários movimentados
Essa dica é fundamental, porém, muitas vezes difícil de cumprir. “Principalmente para quem está começando, o mais importante é encaixar o exercício na rotina de modo a cumpri-lo com mais facilidade”, explica Marcela. Ela conta que um dos motivos pelo qual escolheu se exercitar pela manhã é que há menos assédio durante o dia. “Mas seja na rua ou no parque, melhor priorizar os horários em que você se sente mais confortável”, resume a co-fundadora do “Elas que voam”. Outra dica é variar os percursos para não criar uma rotina previsível.
Leve apenas o essencial
Nem sempre dá para sair à rua sem o celular, um dos itens mais visados pelos assaltantes. Vale, no entanto, deixar outros itens que também chamam a atenção, como jóias, em casa. Só no estado de São Paulo, houve um aumento de 68% nos roubos e furtos de anéis e alianças no primeiro trimestre, segundo dados do portal de transparência da Secretaria da Segurança Pública, em relação ao ano passado. Roupas mais discretas e com bolsos também fazem diferença, na opinião de Marcela Casemiro.
Use a tecnologia a favor
Caso opte por levar o celular, verifique se a bateria está carregada. Você também pode usar um aplicativo de localização, que pode ser compartilhado com um amigo ou familiar. Outra saída é avisar alguém sobre a rota e o horário estimado para voltar para casa.
Pratique esportes em grupo
“Além de ser mais seguro, o treino em grupo flui melhor”, avalia a corredora. Ela está certa: uma pesquisa da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que praticar esportes com companhia pode diminuir a chance de desistência do treino em 85%, em comparação a quem pratica sozinho. Por isso, a dica de Marcela é procurar grupos de corrida, como o próprio “Elas que voam”, que geralmente são gratuitos e acolhedores. “Os nossos encontros reúnem de 100 a 120 pessoas, então dividimos os participantes em grupos, de acordo com o ritmo de cada um”, explica. Ou você pode, claro, convidar amigos e colegas para se exercitar junto. O mais importante é não deixar o medo atrapalhar os treinos – e o condicionamento físico.