Os eleitores paulistanos vão às urnas neste domingo, 6, e o cenário para um possível segundo turno na cidade de São Paulo segue indefinido. De acordo com as últimas pesquisas Quaest e Datafolha divulgadas na véspera do pleito, Boulos (PSOL), Nunes (MDB) e Marçal (PRTB) têm empate técnico, e disputarão as duas vagas para o segundo turno.

Com o cenário parelho, a definição dos que avançam para a segunda fase da disputa pode vir do eleitorado de Tabata Amaral (PSB) (10% na Quaest e 11% no Datafolha), de Datena e Marina Helena, que nos dois institutos não passaram dos 5% cada um, e dos paulistanos que ainda não escolheram seu candidato. Segundo a Quaest, no cenário que não considera apenas os votos válidos, 3% ainda estão indecisos, enquanto 11% são de brancos, nulos ou de quem declarou ainda não saber em quem votar.

O movimento pelo voto útil é defendido pelos principais postulantes, especialmente Nunes e Boulos — já que Marçal é quem tem a maior rejeição. Já Tabata, a quarta colocada nas pesquisas, rechaça o conceito, na esperança de não ‘desidratar’ ao final da disputa. “De que adianta colocar no segundo turno um candidato que perde? Perde por 25 pontos do Nunes e corre risco de perder do Marçal”, afirmou.

Quem pode ser o maior beneficiado pela estratégia?

Para Leandro Consentino, cientista político e professor de relações internacionais do Insper, explica que a estratégia do voto útil é tem histórico de forte impacto na corrida eleitoral, e diz que Boulos pode não ser um dos maiores beneficiados, já que tem a segunda maior rejeição entre os candidatos com chance de segundo turno.

“Precisamos saber agora se de fato os últimos dias para a eleição e o debate televisivo mudaram alguma coisa nessa trajetória de votos, pois é uma característica do eleitorado tomar decisões por vezes de última hora que impactam a corrida eleitoral”, completou.

Eduardo Grin, cientista político e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), vê duas leituras possíveis na questão do voto útil. No campo da direita, o professor vê Pablo Marçal com potencial para angariar os votos dos bolsonaristas. Já no campo progressista, Boulos poderia se beneficiar do eleitorado de centro-esquerda de Tabata Amaral.

“Tabata sabe que tem um percentual muito grande de eleitores que desaprovam a gestão Nunes. Então ela está buscando se diferenciar do Boulos para atrair o voto daquele eleitor que não é de esquerda, mas que está descontente com a gestão do Ricardo Nunes. Então ela reforça sua posição como uma candidatura de centro, sabendo que o Boulos tem uma rejeição nesse eleitorado por ser alguém com um histórico vinculado ao Movimento dos Trabalhadores sem Teto. A mudança de estratégia de Tabata pote ser inclusive um dos fatores da pequena desidratação dos eleitores do Ricardo Nunes”, explicou.

Por essas questões, na visão do professor, o psolista poderia se beneficiar do voto de uma suposta frente progressista contra o ‘bolsonarismo’ na cidade de São Paulo, na tentativa de evitar que o atual prefeito e Pablo Marçal avancem.

Grin também reforça o potencial do eleitorado indeciso na decisão do primeiro turno, visto que, quanto maior a porcentagem desse tipo de eleitor, maior é a probabilidade de ele ser induzido para alguma campanha na reta final.