11/09/2023 - 21:10
Não é novidade que as plataformas digitais vêm alterando o comportamento de toda sociedade. Com trabalhos mais agilizados, demandas virtuais, entretenimento diversificado e outras tendências sendo cumpridas, não poderia ser diferente no ambiente eleitoral. Se outrora as campanhas dependiam dos comícios, divulgação física e aparição em meios tradicionais de comunicação, hoje em dia a coisa mudou bastante.
O grande “boom” aconteceu em 2018, quando as redes e outros meios acabaram sendo fundamentais para as eleições estaduais e federais. De acordo com dados do Instituto DataSenado, cerca de 45% da população foi influenciada pelo mundo virtual naquele ano.
Segundo o analista e especialista em marketing político Giuliano Salvarani, o fenômeno do WhatsApp e das redes sociais acabou alterando toda a forma de se fazer política entre os anos de 2016 a 2022. Contudo, ele afirma que o cenário atual já conta com uma certa saturação e, dessa forma, é preciso dinamizar as estratégias visando o futuro.
“Grande parte das campanhas ainda não entenderam que é possível mesclar estratégias e ser efetivo de diversas formas. A grande tendência é termos políticos full service, que conseguem atuar bem nas redes sociais, nos bairros, na política pública”, conta.
TikTok, Kwai e outras plataformas nas eleições
Conhecida como a “rede das dancinhas”, o TikTok não é apenas uma fonte de entretenimento, mas também de influência comportamental e que possui, segundo o ranking da DataReportal, mais de 82 milhões de usuários acima de 18 anos. E o Kwai, que também é uma plataforma chinesa, não está atrás e já conta com mais de 45 milhões de usuários no Brasil – dados da Panorama Mobile Time/Opinion Box, de junho de 2021.
Com o crescimento da popularidade, ficou quase inevitável a inserção desses aplicativos nas campanhas e no ambiente eleitoral. Para o especialista, vivemos na época do marketing político 4.0 e, assim, se faz necessário a preparação de conteúdos dinâmicos e que agradem o público.
“As equipes ainda não estão preparadas para a forma de produção de conteúdo do TikTok. A mesma coisa ocorre com o Spotify, que hoje não é uma plataforma apenas de música, mas sim de informação. Você acha que não está falando de política ou de ‘politicagem’, mas na verdade os atores que produzem conteúdos nessas plataformas não saem das cabeças de quem consome. É a nova forma de fazer política”, explica.
Marcar presença onde as pessoas estão é fundamental para o cultivo da boa política e do sucesso das campanhas que possam promover debates relevantes, independentemente do partido ou ideologia. Giuliano Salvarani explica que é preciso se preocupar em marcar posição e gerar reconhecimento da marca, além, é claro, de produzir um conteúdo segmentado para os públicos diferentes que têm o poder do voto.
“O TikTok é um exemplo, pois grande parte do público da plataforma são mulheres de meia idade e renda baixa. Não é uma rede social só para jovens. Mas claro, antes de produzir, precisamos ter estratégia e planejamento para não passar vergonha e nem gastar tempo e dinheiro à toa. Depois transformamos a estratégia em tática, e a partir daí a tática se transforma em conteúdos de qualidade como uma ‘sniper’ para cada público”, finaliza.