O termo relacionamento abusivo tem ganhado cada vez mais destaque, especialmente nesta semana, no BBB23, em que Tadeu Schmidt precisou alertar o casal Bruna Griphao e Gabriel sobre esse tipo de relação, também considerada tóxica. Mas será que isso é tão incomum? Ou melhor, quais são os sinais? 

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Nem sempre uma mulher que vive um relacionamento abusivo sabe identificá-lo, visto que quando percebe algo errado e comunica seu(ua) parceiro(a) é comum ser questionada sobre seus sentimentos, como “você está feliz comigo?”, e ridicularizada com expressões do tipo “você é louca”, “isso não faz sentido”, “é coisa da sua cabeça” e até “se eu fiz, é por sua culpa”, fazendo com que a vítima duvide de si mesma.

“O abuso físico é uma linha mais clara, mas o abuso emocional pode ser minimizado tanto pelo agressor quanto pela pessoa que está sendo abusada”, explica Lisa Marie Bobby, psicóloga, fundadora e diretora da clínica Growing Self Counseling & Coaching em Denver (EUA), à “Women’s Health”, de onde são as informações.

A terapeuta sexual e sexóloga Jenni Skyler destaca que o abuso emocional se manifesta de várias maneiras. “Pode ser subjetivo, ou seja, significa que o que se qualifica como abuso emocional pode parecer diferente em cada relacionamento.”

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Geralmente, o abuso emocional tende a ser um comportamento que permite que o parceiro(a) abusivo(a) exerça poder ou controle sobre o outro com atitudes de humilhação, invalidez, manipulação, proibições e imposição sobre as ações do outro. Às vezes, o abuso vem disfarçado de “provocação” e “brincadeira”, aponta Lisa.

A psicóloga ainda completa que no centro desse do abuso está a coerção. “Há um medo de que, se você fizer algo que os desagradem, eles não irão machucá-la fisicamente, mas há uma ameaça implícita”, exemplos comuns são: o(a) parceiro(a) abusivo(a) ameaçando se matar caso a companheira saia para algum lugar, ou dizendo que nunca sobreviverá caso o relacionamento chegue ao fim. “O dano real de relacionamentos abusivos muitas vezes vem dessas ameaças psicológicas”, garante Bobby.

Conforme explicação das especialistas, fica evidente a comum dificuldade de compreender situações de abuso emocional. Para te ajudar, a “Women’s Health” listou alguns comportamentos comuns de um relacionamento abusivo que não podem passar despercebidos; veja:

Humilhação

Em público ou em casa, qualquer tipo de humilhação, mesmo disfarça de piadas, é considerada um abuso emocional, segundo Janet Brito, psicóloga clínica e terapeuta sexual. “Seja qual for o comentário ou onde é feito, tem um sabor. Isso deveria fazer você se sentir mal consigo mesma. Não deveria ser legal.”

Esse tipo de comportamento pode trazer danos emocionais a longo prazo, refletir na autoestima, despertar sentimento de inferioridade ou incapacidade de algo.

Críticas

“Se o seu parceiro está constantemente te colocando para baixo, você provavelmente está em um relacionamento emocionalmente abusivo e tóxico. É insidioso, pois um comentário pode não ser grande coisa, mas, aos poucos, o assédio acaba com a autoestima”, explica Janet.

Certas críticas, mesmo que apontadas como “para o seu bem”, podem resultar em gatilhos e até te fazer acreditar no que foi falado, mesmo que não seja verdade. Brito pondera que “quando você acredita que é verdade, você pode começar a pensar que seu(a) parceiro(a) é a única pessoa que tem em sua vida, ou que você não é digna de um relacionamento melhor”.

Controle

Proibir suas ações e te fazer pedir permissão é abuso!  “É uma forma de mantê-lo no controle. Ele se estende a todos os aspectos de sua vida, como quem você pode ver e para onde pode ir, pode até olhar seu celular para verificar se está cumprindo as regras que ele estabeleceu”, aponta Janet.

Acusações e culpa

Se você está sendo constantemente culpada e recebendo acusações do(a) seu(ua) parceiro(a), é outro forte sinal de abuso emocional no relacionamento. A psicóloga clínica explica que, na maioria das vezes, um(a) parceiro(a) que está constantemente apresentando queixas está sentindo sua própria “culpa e vergonha”.

“Para lidar com isso, eles vão passar para você e te acusar”, assim eles mantêm o controle, explica Brito. “Talvez seu parceiro tenha se envolvido em infidelidade, mas pode começar a acusá-la disso, desviando-se essencialmente de seu próprio comportamento”, exemplifica.

Dependência

O resultado de todas as situações acima pode ser a dependência emocional, afinal a vítima se sente inferiorizada e incapaz de construir uma relação saudável com outra pessoa ou mesmo de viver a liberdade sozinha, sem um(a) companheiro(a). 


“Agressores podem fazer com você seja completamente dependente deles para todas as suas necessidades: finanças, amizade, apoio emocional, abrigo e muito mais”, destaca Brito.

Normalmente, o abusador tende a fazer com que a companheira o coloque como prioridade, inclusive a frente de suas próprias necessidades.

Negligência emocional

“Esse tipo de abuso emocional nem sempre é intencional, embora isso não o torne menos sério. Parceiros que são emocionalmente negligentes muitas vezes não têm a capacidade de se mostrar emocionalmente”, diz Skyler.

Um comportamento comum de negligência emocional é quando acontece algum conflito no relacionamento e, ao invés de dialogar para resolver a situação, a pessoa se isolada da outra. “Sai de casa, se recusar a falar com você e muito mais. É possível que eles desapareçam por dias como uma arma, como se estivessem tentando manipulá-la para procurá-los ou sentir pena deles. Em suma, a negligência emocional é apenas outra maneira de controlar você e dar a eles a vantagem em seu relacionamento”, enfatiza a terapeuta sexual.

Te isolar

Como parte do controle, te isolar também é um fator comum. Te afastar de amigos e até dos próprios familiares, fazendo com que aumente a sua dependência. Esse fator ainda inclui criticar as pessoas importantes para você e até criar intriga e te criticar para elas.

Como sair de um relacionamento abusivo

Em alguns casos, relacionamentos emocionalmente abusivos podem levar ao abuso físico e à falta de segurança.

Segundo o DomesticShelters.org, uma organização sem fins lucrativos de programas de violência doméstica e abrigos nos Estados Unidos e Canadá, “os especialistas descobriram que o abuso emocional é muitas vezes um precursor do abuso físico, e que o abuso verbal no início de um relacionamento prevê o abuso físico mais tarde, geralmente depois que os parceiros se casam”.

Se você acha que seu relacionamento é abusivo, não desconsidere tal sentimento. Se sentir confortável, relate o que acontece entre vocês a uma pessoa de sua confiança ou um profissional da saúde mental, e não hesite em pedir ajuda e denunciar. 

Você pode ligar no Disque 100 — canal de denúncia da Mulher, Família e dos Direitos Humanos —, no Disque 180 — a Central de Atendimento à Mulher —, no 190 — número de telefone da Polícia Militar — ou prestar queixas em uma delegacia. Além disso, é possível realizar uma queixa através do e-mail ligue180@mdh.gov.br e do site Atende Libras, exclusivo para pessoas surdas e com deficiência auditiva. 


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