O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 23 investigados por suspeita de tramar um golpe de Estado compareceram à sede da Polícia Federal, em Brasília (DF), para prestarem esclarecimentos. O ex-mandatário e alguns generais permaneceram em silêncio durante o interrogatório, na quinta-feira, 22. Já o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, o ex-ministro Anderson Torres e o ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Martins responderam aos questionamentos da corporação.

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No total, a PF intimou 23 pessoas, entre ex-ministros do governo Bolsonaro, ex-assessores e militares. Todos foram ouvidos simultaneamente. Essa estratégia adotada pela corporação visava evitar a combinação de versões.

O depoimento do ex-presidente durou cerca de 15 minutos, pois foi orientado a permanecer em silêncio. A única questão que se dispôs a esclareceu foi se é cis (cisgênero), algo que Bolsonaro não soube responder porque não sabe o que significa.

Na quinta-feira, 19, a defesa de Bolsonaro havia informado ao STF (Supremo Tribunal Federal) que ele ficaria calado até ter acesso às conversas recuperadas pela PF nos celulares apreendidos durante a investigação que faz parte da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela corporação no dia 8 de fevereiro.

No entanto o ministro Alexandre de Moraes disse que os advogados de Bolsonaro tiveram acesso integral às diligências efetuadas e provas reunidas nos autos.

Veja os investigados que ficaram em silêncio:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);
  • Mário Fernandes, ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência);
  • Almir Garnier, ex-comandante-geral da Marinha);
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa);
  • Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil);
  • Ronald Ferreira, oficial do Exército);
  • Sergio Cavaliere, major do Exército);
  • Rafael Martins, tenente-coronel do Exército);
  • Amauri Feres Saad, advogado apontado como responsável pela minuta do golpe).

Investigados que falaram

Por outro lado, houve aliados do ex-presidente que não aderiram ao “pacto de silêncio”. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, respondeu todas as perguntas feitas pela PF, e permaneceu por pouco mais de três horas na sede da corporação.

Valdemar chegou a ser preso em flagrante durante a Operação Tempus Veritatis por posse ilegal de arma de fogo e de uma pepita de ouro de origem suspeita, o que se enquadraria em usurpação de bens da União. Após dois dias detido, Costa Neto acabou sendo solto por Alexandre de Moraes em função da sua idade, 74 anos, e o fato de não ter praticado os crimes que levaram ao flagrante com grave ameaça.

Além do presidente do PL, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres respondeu todas as perguntas feitas pela PF, e ficou no local por cerca de cinco horas. Ele foi preso na esteira da invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília, por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, no dia 8 de janeiro de 2023. A primeira suposta minuta de golpe havia sido encontrada em sua casa pelos agentes federais.

O ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Martins prestou esclarecimentos, mas não respondeu a todas as perguntas da PF. Segundo o jornal “O Globo”, ele negou que tenha redigido ou auxiliado na redação da chamada “minuta golpista”, e ressaltou que jamais entregou o documento ao ex-presidente.

A PF usou essa afirmação e o argumento de que a localização dele era incerta para solicitar a sua prisão. A defesa de Martins afirmou que a detenção foi “precipitada e ilegal”. Agora aguarda “a decisão referente ao requerimento de revogação da prisão preventiva”.

Outros que falaram com a PF foram:

  • Tércio Arnaud, ex-assessor;
  • Bernardo Romão Correa Netto, assistente do Comando Militar Sul;
  • Cleverson Ney Magalhães, coronel da reserva.