As autoridades americanas reforçaram o policiamento em escolas da cidade de Springfield, em Ohio (EUA), a partir da terça-feira, 17, após a área receber 33 ameaças de bomba depois do ex-presidente americano Donald Trump espalhar em um debate uma notícia falsa de que imigrantes haitianos estariam comendo animais de estimação dos moradores locais.

O boato foi compartilhado nas redes sociais e tomou grandes proporções após Trump citá-lo em um debate com Kamala Harris. A informação foi desmentida pelo mediador na transmissão e pelas autoridades de Ohio e de Springfield. As informações são do “The New York Times” e da “Associated Press”.

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Nas últimas semanas, escolas da cidade foram evacuadas após avisos de bomba. A Universidade Wittenberg, em Springfield, recebeu duas ameaças de explosivos no final de semana, ambas destinadas a membros da comunidade haitiana.

De acordo com o governador de Ohio, Mike DeWine, que integra o Partido Republicano, parte das ameaças veio de países estrangeiros, mas o local exato não foi informado pelo político. “Sabemos que as pessoas estão muito preocupadas. Movemos nossos recursos para Springfield”, declarou o americano.

Dezenas de membros das forças de segurança estaduais foram realocados para as escolas da cidade no intuito de conferir os prédios das instituições de ensino antes da chegada de estudantes todas as manhãs. Segundo as autoridades, câmeras de segurança também foram posicionadas em pontos estratégicos de Springfield.

Entenda o caso

No debate realizado por Donald Trump e Kamala Harris em 10 de setembro, o ex-presidente declarou que imigrantes haitianos de Springfield estariam comendo os cães e gatos dos moradores da cidade. A informação foi desmentida.

O discurso contrário à presença dos haitianos no país é compartilhado pelo vice de Trump, James David Vance, que também é senador por Ohio.

Desde a pandemia da Covid-19, entre 10 a 15 mil haitianos se mudaram para Springfield para servir como mão de obra na região. A cidade de 60 mil habitantes recuperou o crescimento econômico após a chegada dos imigrantes.

Apesar disso, a criação de empregos não acarretou em políticas públicas locais para resolver problemas sistêmicos, como a pobreza, fazendo com que tensões imobiliárias e de saúde e educação se agravassem.

Os haitianos que vivem em Springfield possuem permissão para morar nos EUA por meio de um programa federal que os acolhe temporariamente em decorrência da violência enfrentada pelo país da América Central.

*Com informações da AFP