Como está Tony Bellotto, um mês após revelar o diagnóstico de câncer agressivo?

O guitarrista da banda Titãs está com câncer no pâncreas, uma doença silenciosa responsável por 5% dos óbitos por câncer anualmente no Brasil

Tony Bellotto
Tony Bellotto Foto: Reprodução

No dia 3 de abril, completou um mês desde que Tony Bellotto, de 64 anos, guitarrista da banda Titãs, revelou, por meio das redes sociais, que está com câncer no pâncreas e que passará por uma cirurgia. Na ocasião, o artista explicou que o diagnóstico foi feito após um exame de rotina. A doença é silenciosa e responsável por 5% dos óbitos por câncer anualmente no Brasil.

Devido ao tratamento, Bellotto fará uma pausa temporária nos palcos, e os Titãs seguirão cumprindo sua agenda de shows, acompanhados pelo músico Alexandre de Orio.

Segundo uma nota divulgada pelos Titãs, após a recuperação, o músico deverá retomar suas atividades profissionais.

“Estou tranquilo e confiante, enfrentando tudo com coragem e dignidade. Inspirado pelo nosso querido Branco Mello, que passou por tratamentos difíceis e agora está aí, tocando, cantando e se divertindo nos shows. Nos vemos em breve”, disse ele.

Assista ao vídeo de Tony Bellotto:

 

Ver esta publicação no Instagram

 

Uma publicação partilhada por Titãs (@titasoficial)

Como está Tony Bellotto, um mês após revelar o diagnóstico de câncer agressivo?

No final de março, Fernanda Capareli, médica do Hospital Sírio-Libanês e responsável pelo tratamento do músico, falou sobre o estado de saúde dele e como o artista reagiu à notícia.

“Esse tipo de câncer tem um comportamento agressivo e costuma se espalhar rapidamente pelo organismo. No caso dele, felizmente, não foi identificada metástase”, explicou, em entrevista ao jornal O Globo.

De acordo com a médica, Tony lidou com o diagnóstico de maneira pragmática, sem passar por um período de negação. “Ele não se perguntou ‘por que eu?’, mas adotou uma postura voltada para a solução, perguntando ‘como podemos resolver isso?’”.

Mesmo com hábitos saudáveis, o marido de Malu Mader não estava isento do risco da doença. “O maior fator de risco para o câncer é o envelhecimento. Embora um estilo de vida saudável reduza a probabilidade de desenvolver tumores, ele não elimina completamente essa possibilidade”, afirma Fernanda Capareli.

Apoio da família

No dia 10 de março, Tony Bellotto se manifestou em agradecimento pelas mensagens de apoio que tem recebido durante o tratamento de câncer e ressaltou o companheirismo de sua esposa, a atriz Malu Mader, 58. Os dois são casados desde 1990 e são pais de João Mader Bellotto, 29, e Antônio Mader Bellotto, 27.

Ao compartilhar em seu perfil no Instagram uma foto beijando Malu, o guitarrista agradeceu todo o apoio recebido. “Agradeço a todos que estão me enviando palavras de conforto, sabedoria e incentivo. Amigos, família, fãs, simpatizantes. Isso me faz mais feliz e positivo”, disse.

Ele ainda afirmou sentir orgulho dos Titãs “por não deixar a peteca cair”, continuar com a agenda de shows, mas agradeceu principalmente à esposa. “Malu, minha amada, que está sempre ao meu lado, com um sorriso no rosto”, completou.

A reportagem de IstoÉ Gente entrou em contato com a equipe de Tony Bellotto, na terça-feira, 8, para saber atualizações sobre o estado de saúde do artista e recebeu a seguinte resposta: “No momento, não temos informações.”

Tumor no pâncreas

Nem todos os tumores no pâncreas são cânceres. Alguns são benignos — ou seja, não se espalham e não oferecem grandes riscos —, enquanto outros podem ser malignos, com o potencial de se espalhar para outros órgãos, configurando o câncer.

O câncer de pâncreas é uma doença silenciosa e agressiva. Seus sintomas são frequentemente confundidos com os de outras condições e, por isso, o diagnóstico costuma ser tardio, permitindo que o quadro evolua para estágios mais graves antes de qualquer intervenção, o que eleva a taxa de mortalidade.

Para entender mais sobre o câncer que acometeu Tony Bellotto, IstoÉ Gente procurou o médico oncologista Dr. Wesley Pereira Andrade, que explicou tudo sobre a doença.

“Na sua fase inicial, o câncer de pâncreas não apresenta sintomas. Entretanto, à medida que vai crescendo, os sintomas podem incluir perda de peso, dor abdominal, amarelamento dos olhos, conhecido como icterícia, associado à colúria (escurecimento da urina) e à colia fecal (esbranquiçamento das fezes)”, começa o profissional.

Como diagnosticar?

O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, principalmente a ressonância magnética, que chamamos de colângio-pancreatografia. Também é possível identificar essas lesões pancreáticas em tomografias de abdômen e ultrassonografias abdominais. Quando se identifica uma lesão pancreática, é necessária uma biópsia para confirmar o diagnóstico definitivo. Nesse processo, retira-se uma amostra da lesão e envia-se para análise no estudo anátomo-patológico, realizado por um patologista ao microscópio.

Para pacientes com mutações genéticas, é importante realizar o rastreamento dessas mutações nos familiares e, ocasionalmente, realizar exames de check-up periódicos.

Não existe um check-up, ou screening, recomendado para a população em geral, sendo essa recomendação restrita a pacientes com determinadas mutações genéticas.

Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores serão as taxas de cura. Uma vez diagnosticado o adenocarcinoma de pâncreas, o próximo passo é realizar o estadiamento para determinar se a doença está localizada ou se já se espalhou pelo corpo.

Outros sintomas incluem fraqueza, perda de apetite, perda significativa de peso, náuseas, vômitos e, nas fases mais avançadas, distensão abdominal.

Tratamento

Infelizmente, o câncer de pâncreas ainda apresenta altas taxas de mortalidade, apesar dos tratamentos disponíveis. Isso ocorre devido ao entupimento do canal da bile, o que impede a bilirrubina de ser eliminada pelo intestino, causando seu acúmulo no sangue.

Alguns casos exigem radioterapia complementar após o tratamento com quimioterapia e cirurgia.

Para lesões mais iniciais, a cirurgia é indicada, podendo ser uma ressecção da região da cabeça do pâncreas, nos tumores que acometem essa área, procedimento conhecido como duodenopancreatectomia. Para tumores nas regiões do corpo e cauda do pâncreas, pode ser realizada uma pancreatectomia distal.

Nos casos mais avançados de câncer de pâncreas, o tratamento começa com medicamentos à base de quimioterapia neoadjuvante, visando reduzir o tamanho da lesão e facilitar a cirurgia.

Chance de cura

  • Mais de 80% dos pacientes com câncer de pâncreas são diagnosticados na fase avançada, o que reduz consideravelmente a chance de cura.
  • Cerca de 90% dos pacientes com câncer de pâncreas falecem em até 5 anos, resultando em uma taxa global de cura de aproximadamente 10%.

“A nossa reportagem ressalta que as informações fornecidas pelo médico oncologista Dr. Wesley Pereira Andrade não são destinadas ao caso do guitarrista Tony Bellotto. O profissional se expressa de forma geral e afirma que cada paciente diagnosticado com câncer no pâncreas tem seu caso clínico específico e individual.”

Referências Bibliográficas

Dr. Wesley Pereira Andrade – Oncologista - CRM 122593

Oncologista é MD, Ph.D., mestre e doutor em Oncologia, além de mastologista e cirurgião oncologista. Dr. Wesley Pereira Andrade é médico titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e médico titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SMCO).