Em 1958, o então presidente americano Dwight D. Eisenhower (1890-1969) assinou um decreto que criou a Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, como uma resposta à vantagem que a União Soviética havia conquistado durante o início da corrida espacial. Os russos largaram na frente e colocaram o primeiro satélite em órbita, o Sputnik 1, em 1957. A Nasa então se empenhou em superar os soviéticos. A grande conquista desse período só veio em 1969, com a 11ª missão do programa Apollo: John F. Kennedy (1917-1963) havia colocado a Lua como meta para a agência, e a despeito do que dizem as mais malucas teorias da conspiração o homem de fato pisou em solo lunar no dia 20 de julho daquele ano. Agora em sua recém-completada sexta década de história, a Nasa se prepara para uma de suas mais ambiciosas missões: a sonda Parker Solar Probe será lançada em uma viagem de sete anos em direção ao Sol, sobrevoando a estrela a uma distância de apenas 6,3 milhões de quilômetros. O lançamento acontecerá em meio a uma nova corrida espacial bastante diferente daquela que deu origem à Nasa. A disputa não é mais entre potências rivais, mas entre empresas privadas com capital quase ilimitado dispostas a baratear as viagens ao espaço.

O Sol representa uma nova fronteira para a humanidade. Sondas já foram enviadas para Marte, Saturno, Júpiter e até Plutão. Mas o calor da corona, camada mais externa da estrela cuja temperatura pode atingir 2 milhões de graus Celsius, era um empecilho para uma aproximação. A sonda Parker está equipada com um escudo térmico de 11,4 centímetros de espessura, capaz de suportar quase 1,4 mil graus e enormes níveis de radiação, para poder estudar a estrela. O principal objetivo é ampliar o que se sabe sobre o Sol e sua influência no clima espacial.

O estudo da estrela que dá nome a nosso sistema será mais um passo na jornada que tem tornado o universo menor — e mais compreensível. As missões Apollo trouxeram material celestial à Terra, enquanto o telescópio Hubble mostrou em detalhes o universo muito além da nossa galáxia. A sonda Cassini, enviada a Saturno, ajudou os cientistas a compreender o processo pelo qual o sistema solar se desenvolveu. E o telescópio Kepler identificou um planeta, apelidado de Terra 2.0, que poderia permitir a vida.

Enquanto potências como Estados Unidos, China e Rússia colaboram em projetos, empresas privadas representam forte concorrência. Um decreto do presidente Donald Trump restabelece a Lua como foco da Nasa e prevê a instalação de uma base. No futuro, a ideia é usá-la para mandar o homem a Marte na década de 2030. Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, já afirmou que a viagem poderá ser feita muito antes, em 2024. Há tempos o futuro da exploração espacial não parecia tão promissor.