Os aumentos dos preços do botijão de gás, superiores a 40% durante este ano estão levando milhões de brasileiros a uma situação dramática, calamitosa, surreal e perigosa. Sem ter como pagar pelo produto – e até podemos incluir também o elevado custo da conta do gás canalizado -, as pessoas começaram a usar lenha e álcool para cozinhar os alimentos. Esta realidade é presente no País inteiro, incluindo a periferia da Região Metropolitana de São Paulo, uma das mais ricas do Brasil (se isso está acontecendo aqui, imagina no agreste do sertão nordestino!).

Foi a impossibilidade de comprar um botijão de gás que levou a desempregada Geisa Stefanini, de 32 anos, a cozinhar com álcool e a ser atingida pelo fogo descontrolado, que queimou 90% do seu corpo, no último dia 2 de setembro. Geisa vivia em um quarto alugado com o filho Gabriel, de 8 meses, em Osasco. O bebê sofreu queimaduras em 18% do corpo, mas sobreviveu. Geisa não teve a sorte de sobreviver e morreu em 27 de setembro.

Em 2019, o ministro Paulo Guedes (Economia), que disse ter estudado e lido muitos livros de economia nos Estados Unidos, afirmou que o preço do GLP “cairia pela metade” com o aumento da concorrência no setor. A Petrobras vendeu a sua participação na Liquigás, mas nada disso aconteceu. Atrelado ao petróleo, o preço do gás subiu como um foguete durante 2021 inteiro. Tanto o GLP, gás feito do petróleo, como o gás natural importado da Bolívia, tiveram os aumentos estratosféricos, o que levou a população a usar combustíveis perigosos e que, em uma situação normal na economia, jamais usaria.

O Brasil de Bolsonaro e de Paulo Guedes regrediu tanto, que é este País que temos hoje: um lugar onde as pessoas usam lenha e álcool como combustível para cozinhar, correndo o risco de morrer. E, pior, essa dupla infernal fala agora em vender a Petrobras, para obter mais recursos para financiar os custos dos altos combustíveis. Apesar da privatização ser um bom negócio (dentro do liberalismo o estado tem que ser o menor possível, deixando negócios para o capital privado), falar em vender a estatal num momento em que esses dois gênios do mal dominam o País, levando-o à bancarrota, seria mais prudente se esperar o novo governo. Este, vai pegar todo o dinheiro, como já fez com outras coisas (Precatórios, por exemplo) e vai enfiar tudo na campanha eleitoral do ano que vem, só para se eleger. Governem aí, sem meter os pés pelas mãos e nem no bolso do consumidor.