Todos os anos, multidões de turistas são atraídas para a cidade de Harbin, no norte da China, em busca do Festival Harbin Ice and Snow Sculpture, um dos eventos de inverno mais conhecidos do mundo. Celebrado no começo do ano, ou seja, no auge do inverno asiático, a festa é marcada por esculturas gigantes feitas inteiramente de neve e gelo.

A população da cidade de Harbin mantém a antiga tradição de esculpir lanternas de gelo, uma maneira prática de impedir que o vento apague as chamas. O fogo não se extingue porque está envolto em gelo, que não derrete por causa das temperaturas abaixo de zero na região.

Na década de 1980, anos após a Revolução Cultural, as lanternas se consolidaram como uma forma de expressão artística e passaram a ser famosas em todo o mundo. O número de visitantes, com isso, aumentou e tornou a celebração uma das mais populares no país asiático.

Assim, surgiu a ideia de construir uma cidade de gelo e neve em Harbin, fato que deu origem ao conceito do evento.

O primeiro Festival Internacional de Gelo e Neve de Harbin foi realizado em 1985. Em 1999, para saudar o novo milênio de 2000, o governo municipal construiu uma espécie de Disneylândia brilhante, gelada e repleta de neve.

Desde então começaram a se tornar populares na região os contos de fadas sobre o tema. Além de criar uma cena turística movimentada na província mais ao norte da China, o gelo e a neve também estão impulsionando a economia local. “Criar uma identidade e uma série de atrações periódicas é importante para solidificar esse destino turístico”, diz Thiago Ramos, CEO da Favo Hospitalidade.

Paisagens incríveis

O Harbin Ice-Snow World, a Disneylândia brilhante, tem cerca de 250 mil metros cúbicos de gelo e neve transformados em paisagens e esculturas incríveis. O parque encanta os visitantes com suas construções.

As esculturas são de tirar o fôlego de qualquer um, verdadeiras obras de arte com detalhes meticulosos e cores vibrantes. E não é só isso: os turistas mais radicais podem se aventurar a descer em um escorregador de 500 metros de comprimento – feito inteiramente de gelo. É diversão garantida para todas as idades.

Não é só o parque em si que é impressionante, a cidade também é um destino imperdível para os amantes do inverno, já que, com seus abundantes recursos, se tornou um ponto turístico popular, tanto para os chineses quanto para estrangeiros. E não é só o turismo que se beneficia.

A indústria de fabricação de equipamentos esportivos de inverno está crescendo na região, impulsionando a economia local. A produção de patins no gelo, esquis e snowboards está em alta, o que atrai investimentos e gera milhares de empregos na área.

O festival já se tornou um marco na China e além de movimentar o turismo, aquece a economia local em diversos setores.

“Os empresários da região prestam consultoria e realizam treinamentos em inúmeros projetos nas áreas de hospitalidade, o que inclui turismo, gastronomia e hotelaria”, explica Ramos.

Como a China transformou gelo e neve em arte (e grana)
Viajantes se encontram para brincar e posar para fotos (Crédito: stringer / ImagineChina)

A terra do gelo

Os dados mostram que, nos últimos anos, outras indústrias também foram beneficiadas pelo desenvolvimento econômico da região.

As empresas voltadas para a realização de testes de carros em superfícies lisas, com ênfase no funcionamento de pneus e sistemas de freios, foram capazes de trazer ao setor de serviços uma renda de mais de 400 milhões de yuans (cerca R$ 280 milhões) a cada inverno, incluindo a renda dos setores de hospitalidade, catering, varejo e transporte.

Além das obras geladas, a cidade também sedia uma série de eventos voltados aos esportes de inverno, como competições de esqui e snowboard.

É uma ótima oportunidade para os amantes dessas modalidades mostrarem suas habilidades. Um trecho do parque, inclusive, é dedicado aos elementos da arquitetura criados por países anfitriões de Olimpíadas de Inverno do passado, incluindo Rússia, França, Suíça, Noruega e Itália.

Bom lembrar que a China também se tornou uma potência nesse campo, uma vez que sua capital, Pequim, foi sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022.

A maior prova do desenvolvimento chinês nos esportes de inverno é a conquista da esquiadora Gu Ailing Eileen, que bateu o recorde da competição há dois anos com duas medalhas de ouro e uma de prata. A China, quem diria, virou a terra do gelo.