Um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou nesta quinta-feira ao Senado que instale uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar eventuais omissões do governo de Jair Bolsonaro na luta contra a pandemia. Pelo segundo dia consecutivo, o país bateu o recorde de mortos pela Covid-19.

A investigação irá mirar principalmente nas “ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento da pandemia no país, em especial no agravamento da crise sanitária no Amazonas, com a ausência de oxigênio para os pacientes internados”, indicou o juiz Luís Roberto Barroso, do STF.

A ordem atende a um pedido de 32 dos 81 senadores e vai de encontro ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que resistia à iniciativa, mas afirmou em entrevista coletiva, minutos após o anúncio, que irá acatar a decisão. “É relevante destacar que, como reconhece a própria autoridade impetrada, a crise sanitária se encontra em seu pior momento, batendo recordes lamentáves de mortes diárias e casos de infecção”, justificou o juiz.

O país registrou hoje 4.249 mortos pela Covid em 24 horas, totalizando 345.025, número superado apenas pelos Estados Unidos. Nos oito primeiros dias de abril foram registradas 19.741 mortes, o que faz prever um mês pior do que março, quando houve mais de 66 mil óbitos.

O número de casos da doença chega a 13,2 milhões desde o começo da pandemia, com 86.652 infectados nas últimas 24 horas. A resposta à tragédia sanitária segue marcada pelas divergências entre prefeitos e governadores, que defendem as medidas de isolamento, e o presidente Jair Bolsonaro, que as rejeita, devido ao impacto econômico negativo.

A vacinação avança a passos lentos no país, por falta de insumos. Cerca de 10% da população recebeu a primeira dose e 3%, as duas. A Fiocruz recomendou hoje que sejam prorrogadas as medidas de distanciamento social no Rio de Janeiro, afirmando que “ainda é cedo para se propor qualquer medida de flexibilização”.

Em sua transmissão ao vivo semanal, Bolsonaro declarou hoje que “esse clima de pavor pregado junto à sociedade não ajuda a salvar vidas”.