Uma comissão independente revisará o caso da enfermeira britânica Lucy Letby, condenada à prisão perpétua pelo assassinato de recém-nascidos, e um comitê de especialistas médicos questionou nesta terça-feira(4) as provas apresentadas contra ela.
Letby, 35 anos, foi condenada pelo assassinato de sete bebês e pela tentativa de assassinato de outros sete na unidade de terapia intensiva do hospital Countess of Chester, onde trabalhou entre 2015 e 2016.
Um artigo científico coescrito em 1989 pelo médico canadense Shoo Lee foi usado pela defesa no primeiro julgamento contra Letby, que se declarou inocente.
Shoo Lee apresentou as conclusões de um painel de 14 especialistas independentes em Londres nesta terça-feira, questionando as evidências.
“As provas usadas para condená-la são equivocados e isso, para mim, é um problema”, disse o médico durante uma entrevista coletiva.
“Não encontramos nenhum assassinato. Em todos os casos, as mortes ou lesões ocorreram por causas naturais ou simplesmente cuidados médicos precários”, insistiu.
Os advogados da enfermeira dizem que houve um erro judicial e apresentaram um recurso à instância de revisão criminal (CCRC) na segunda-feira.
“Recebemos uma solicitação preliminar relacionada ao caso da Senhora Letby e começou a ser avaliada”, confirmou o CCRC nesta terça-feira, observando que o processo levará tempo devido ao “grande volume de provas”.
A comissão independente tem competência para encaminhar o caso para nova apelação.
O julgamento, no qual Letby foi descrita como a pior assassina de crianças na história recente do Reino Unido, durou dez meses e chocou os britânicos.
Durante o julgamento, a enfermeira foi acusada de ter injetado ar no sangue de recém-nascidos, causando embolia gasosa que os levou à morte.
Segundo Shoo Lee, a palidez dos bebês não é evidência suficiente para concluir que ocorreu uma embolia gasosa, argumento que a enfermeira tentou apresentar sem sucesso em sua primeira apelação em maio de 2024.
Em outubro, os tribunais britânicos rejeitaram novamente um recurso interposto por Letby.
O ex-ministro conservador David Davis, presente na coletiva de imprensa, defendeu um novo julgamento, e disse que as condenações de Letby foram “uma das maiores injustiças dos tempos modernos”.
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