O árbitro Sandro Meira Ricci pode ter feito na noite de quinta-feira seu último jogo na Série A do Brasileirão deste ano. Isso porque a comissão de análise independente da arbitragem da CBF requisitou o afastamento do juiz após a confusão no clássico Fla-Flu. Sandro Meira Ricci não está escalado para a rodada do fim de semana, e a CBF deverá tomar a decisão sobre o afastamento ou não do árbitro na próxima segunda-feira.

A comissão independente foi criada pela CBF no início de agosto. Formada pelo português Vitor Pereira, que apitou duas Copas do Mundo e foi chefe da Comissão de Arbitragem da Federação Portuguesa por mais de dez anos, e pelo ex-árbitro brasileiro José Roberto Wright, ela avalia a atuação dos trios de arbitragem de cada um dos 20 jogos da rodada das Séries A e B. Para Wright, Ricci foi mal no clássico e “vem de uma sequência muito ruim” no Brasileiro.

“É um somatório. No jogo do Flamengo com o São Paulo, por exemplo, o Lugano deu uma cotovelada na cara do Guerrero, ele viu a animosidade entre os dois, e colocou a mão em cima do olho como quem diz ‘eu tô vendo’ (e não fez nada). Ele vem acumulando más atuações há algum tempo. Está na hora de dar um basta, de ele colocar o pé no chão e ver a realidade”, disse ao Estado o ex-árbitro, que informou já ter encaminhado a solicitação de afastamento de Ricci até o fim do campeonato. “Somos independentes. Eu e o Vitor (Pereira) decidimos o que achamos melhor e encaminhamos, e isso deve ser cumprido.”

No lance da anulação do gol, Wright aponta dois erros do árbitro: não ter confiado na marcação do auxiliar e ter recebido informação externa de que o gol deveria ser mesmo anulado.

“Ele não confiou no bandeira, depois voltou atrás. E com certeza teve outro agravante, que alguém deve ter dito que a TV estava mostrando que a jogada era ilegal. Aí ele voltou atrás. O mais grave foi ele ter voltado atrás na marcação pela televisão”, avaliou José Roberto Wright.

O ex-árbitro está convicto de que Sandro Meira Ricci recebeu a informação após alguém ter visto a jogada pela TV, o que é proibido. “Na minha opinião isso está bem claro. Quando você recebe a informação do assistente ou do quarto árbitro, você recebe no momento. E ele levou 12 minutos até tomar a decisão. A informação chegou a conta-gotas pra ele”, afirma Wright.

Ele também ressaltou que os auxiliares Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Van Gasse não têm nenhuma culpa na confusão. “Os auxiliares não têm nada a ver com a história. Inclusive o Emerson, que é o bandeira número 1, marcou corretíssimo. Era um impedimento muito difícil, em que o jogador estava talvez 20 centímetros à frente. O que é pior de tudo é que o Emerson, além de ser o melhor bandeira do Brasil, foi bandeira na Copa do Mundo exatamente pro Ricci. Era mais um motivo para ele confiar no bandeira.”