A economia da zona do euro registrará contração de 8,7% em 2020, anunciou nesta terça-feira a Comissão Europeia, que piorou sua previsão anterior e alertou para os “riscos excepcionalmente altos” vinculados ao coronavírus e ao Brexit.

“O alcance e a duração da pandemia e das futuras possíveis medidas de reclusão necessárias continuam sendo uma incógnita”, afirma Bruxelas em sua previsão, que não leva em consideração uma possível “segunda onda” de contágios.

A Comissão, que em maio previu uma queda “histórica” do conjunto das 19 economias que compartilham a moeda única a 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB), calcula agora uma contração similar à prevista pelo Banco Central Europeu (BCE).

Por países, a contração do PIB da França, Itália e Espanha, as principais economias do bloco depois da Alemanha, deve superar dois dígitos em 2020, a 10,6%, 11,2% e 10,9%, respectivamente, de acordo com as novas previsões.

O Executivo comunitário melhorou em dois décimos a previsão anterior para a Alemanha, maior economia europeia, a -6,3%. A economia de Portugal deve registrar contração de 9,8% do PIB em 2020.

“O risco de uma divergência (entre países) cada vez maior foi a razão para propor um plano de recuperação comum”, disse o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, que pediu aos líderes da União Europeia (UE) a aprovação do projeto.

Nas previsões de verão (hemisfério norte), a Comissão Europeia não leva em consideração o plano de recuperação, que os governantes da UE, envolvidos nas negociações, ainda precisam aprovar. Uma reunião de cúpula está prevista para os dias 17 e 18 de julho em Bruxelas.

“A falta de um acordo sobre a futura relação comercial entre o Reino Unido e a UE também pode provocar um crescimento menor”, destaca Bruxelas, que recorda ainda as políticas de proteção no comércio mundial.

Em um contexto de grande incerteza, no entanto, o Executivo comunitário não descarta “uma recuperação melhor que o esperado”, especialmente se a situação da pandemia “permitir uma suspensão mais rápida das restrições”.

A Comissão prevê uma recuperação generalizada do PIB em 2021, a 6,1% para o conjunto dos 19 países da Eurozona.

O crescimento seria de 7,6% do PIB na França, de 7,1% na Espanha e de 6,1% na Itália, assim como de 6% em Portugal e de 5,3% na Alemanha.