Comissão Europeia adia retaliação contra EUA e busca acordo

Comissão Europeia adia retaliação contra EUA e busca acordo

"UEContramedidas do bloco europeu a taxa dos EUA sobre aço e alumínio entrariam em vigor nesta terça-feira. Diante do novo anúncio de Trump sobre tarifa geral de 30%, elas serão suspensas até 1º de agosto.A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou neste domingo (13/07) que Bruxelas não irá neste momento retaliar os Estados Unidos pela sobretaxa aplicada ao aço e alumínio produzidos no bloco, enquanto busca um acordo para evitar a sobretaxa de 30% a todos os produtos da União Europeia (UE) anunciada no sábado pelo presidente americano, Donald Trump.

A UE no momento já está sujeita a uma sobretaxa de 50% sobre o aço e o alumínio, de 25% sobre veículos e autopeças e de 10% sobre a maioria dos produtos. Se não houver um acordo comercial com a Casa Branca até 1º de agosto, a sobretaxa mínima sobre todos os produtos do bloco subirá para 30%.

"Os Estados Unidos nos enviaram uma carta com medidas que entrarão em vigor a menos que haja uma solução negociada, portanto, também prorrogaremos a suspensão de nossas contramedidas até o início de agosto", disse von der Leyen a jornalistas.

"Ao mesmo tempo, continuaremos nos preparando para as contramedidas, para que estejamos totalmente preparados", acrescentou.

A presidente da Comissão Europeia insistiu que a União Europeia "sempre deixou muito claro que preferimos uma solução negociada. Isso continua sendo o caso, e vamos usar o tempo que temos agora até 1º de agosto".

A suspensão das retaliações da UE em resposta às tarifas dos EUA sobre o aço e o alumínio estava prevista para expirar na madrugada de segunda para terça-feira.

Bruxelas havia preparado um pacote de retaliação sobre produtos dos EUA no valor de cerca de 21 bilhões de euros (R$ 137 bilhões) em resposta às taxas que Trump impôs sobre as importações de aço e alumínio no início do ano.

Mas, em abril, o bloco anunciou que adiaria a aplicação dessas medidas para buscar um acordo comercial mais amplo com o governo Trump. São essa medidas que foram agora novamente adiadas.

"Desde o início, estamos trabalhando e agora estamos prontos para responder com contramedidas. Estamos preparados para isso e podemos responder com contramedidas, se necessário", disse von der Leyen.

Países debatem qual será a reação do bloco

Os ministros do Comércio da UE devem se reunir na segunda-feira em Bruxelas para discutir a resposta do bloco europeu ao anúncio mais recente de Trump de tarifas gerais de 30%.

O ministro das Finanças da Alemanha, Lars Klingbeil, disse no domingo que "negociações sérias e orientadas para soluções" com os Estados Unidos ainda eram necessárias, mas acrescentou que, se elas fracassassem, a UE precisaria de "contramedidas decisivas para proteger empregos e empresas na Europa".

"Nossa mão continua estendida, mas não aceitaremos qualquer coisa", disse Klingbeil ao jornal alemão Sueddeutsche Zeitung.

Sua declaração foi dada após o presidente francês, Emmanuel Macron, instar no sábado a Comissão Europeia a "defender de forma resoluta os interesses europeus".

Desde que voltou à Casa Branca em janeiro, Trump impôs tarifas abrangentes e intermitentes a países aliados e adversários, agitando os mercados financeiros e aumentando os temores de uma recessão econômica global.

Na semana passada, ele anunciou também uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros em carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual criticou o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e as eleições no Brasil.

Mas seu governo também está sob pressão para garantir acordos com parceiros comerciais. Até agora, a Casa Branca obteve apenas dois acordos, com Reino Unido e Vietnã, além de tarifas retaliatórias temporariamente mais baixas com a China.

No ano passado, a UE exportou quase 532 bilhões de euros (R$ 3,4 trilhões) em mercadorias para os EUA, um aumento de 5,5% em relação a 2023, de acordo com a Eurostat, a agência de estatísticas da UE.

Os produtos farmacêuticos constituíram a maior parte, com mais de um quinto dos medicamentos fabricados na UE atravessando o Atlântico, seguidos por automóveis, maquinário industrial e aviação.

bl (AFP, dpa, ots)