A Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) vive um período conturbado após a Justiça Federal em Brasília afastar por tempo indeterminado o presidente Manoel Luiz Oliveira, no comando da entidade há 28 anos, e o Banco do Brasil anunciar sua saída como patrocinador. Nesta segunda-feira, a Comissão de Atletas divulgou uma carta pedindo a renúncia do dirigente.

“Não estamos satisfeitos com a gestão e nos últimos tempos temos visto a imagem do handebol apenas relacionada a questões judiciais e, consequentemente, a perdas de patrocínio e credibilidade, em vez de vermos divulgados nossos êxitos esportivos… O handebol brasileiro precisa de uma reestruturação e de um novo planejamento para recuperar nosso crescimento e credibilidade junto aos patrocinadores”, diz o documento.

Manoel Oliveira é acusado de supostas ilegalidades que teriam sido praticadas pela CBHb na “aplicação de R$ 21.377.272,00 repassados, via convênios, pela União (Ministério dos Esportes), durante o ciclo preparatório dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro”, diz a ação cível pública, que teve participação das federações de handebol dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará, Espírito Santo, Rondônia e Bahia.

“Foi uma tragédia anunciada. Com todas as denúncias sobre a confederação, era mais do que esperada a saída de patrocinadores. É uma pena, uma situação muito triste, porque teremos um período muito difícil neste esporte, mas acho que é necessário. É uma limpeza necessária. Espero que novas eleições aconteçam, para que entre uma nova gestão e que ela possa comandar a confederação com um trabalho bem feito de médio a longo prazo, para que os patrocinadores voltem”, afirmou o central Diogo Hubner.

O presidente da CBHb está afastado da entidade por causa de uma licença médica – ele foi submetido a cirurgia de três pontes de safena e uma mamária. A confederação aguarda ainda a notificação oficial da Justiça e, no momento, o presidente em exercício é Ricardinho Souza, atual vice de Manoel Oliveira.

Após receber a carta da Comissão de Atletas, a CBHb disse que o pedido já foi encaminhado para o presidente do Conselho de Administração e rebateu. “Cumpre informar que a entidade já está tomando as medidas judiciais cabíveis pautadas pelos princípios da legalidade, legitimidade, contraditório, ampla defesa, respeito e cumprimento de decisões emanadas dos órgãos da Justiça brasileira.”

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Na semana passada, o ofício do Banco do Brasil avisando que não renovaria o contrato (R$ 15,5 milhões por dois anos) que termina em 30 de maio caiu como uma bomba na confederação, que manifestou que sem os recursos da instituição financeira, todo o planejamento, principalmente das seleções, teria de ser revisto.

“O que os atletas podem fazer é se unir. Inclusive divulgamos uma carta com o título ‘Handebol de Luto’. Um luto não apenas pela saída do Banco do Brasil, mas pela maneira com que estamos vivendo o esporte dentro no País, com poucas equipes e poucas condições para os atletas viverem e trabalharem. Somente algumas ainda se mantém num nível aceitável”, comentou Hubner.

O jogador vai além: “O handebol está de luto não só pela saída do banco, mas pela situação política em que nos encontramos. Os atletas precisam se unir e ter força e voz ativa, até porque somos os principais interessados nisso. Queremos um handebol melhor, que possa se tornar um produto vendável e rentável”, concluiu.


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