Um dos mais controversos projetos da história da Câmara dos Deputados foi aprovado, na semana passada, pela comissão que trata das novas regras para emprego de agrotóxicos no País. O texto original é do ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Favorável a ele, o deputado Luiz Nishimori apresentou o seu relatório, que recebeu dezoito votos favoráveis e nove contrários. Pelo relatório, que troca o nome de agrotóxico pelo de pesticida, estão derrubadas as barreiras e restrições à utilização desses produtos, ainda que eles tenham, em suas fórmulas, componentes que possam causar câncer ou malformação fetal. Mais: praticamente toda a força decisória sobre o que será ou não utilizado fica a cargo do Ministério da Agricultura, enfraquecendo assim, extremamente, a autoridade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Existem no Brasil, atualmente, cerca de mil e oitocentos produtos em fase de análise. O projeto segue, pelo regimento, para o plenário da Câmara e, depois, será submetido ao Senado. Pela legislação atual, basta a identificação da possibilidade de risco de uma substância provocar câncer ou desregulação hormonal para que ela seja proibida. Os protestos e críticas contra o novo projeto se deram imediatamente em diversos setores da sociedade, assim que a sua aprovação foi anunciada. “Se sabemos, pela ciência, que um agrotóxico é capaz de causar uma mutação, e isso é o início de um câncer, não é ético deixar as pessoas expostas a tal produto”, afirmou Márcia Scarpa, do Instituto Nacional do Câncer.

Prova da ciência

Já há pesquisas demonstrando que a exposição a determinados agrotóxicos é fator de risco para o desenvolvimento de câncer no cérebro, de mama e de próstata

“Musa do veneno”

Marcos Oliveira

Parlamentares da bancada ruralista, em festa, homenagearam uma de suas principais aliadas: a deputada Tereza Cristina, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. Deram-lhe, de brincadeira, o título de “Musa do Veneno”

PALÁCIO GUANABARA
Ação proposta por princesa Isabel somente agora vai a julgamento

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Picasa

O mais antigo processo do Brasil entrou na pauta de julgamento do STJ. Começou a tramitar em 1895 (há 123 anos, portanto) e, nele, a família real brasileira, herdeira da Coroa dos tempos do Império, tenta recuperar a propriedade do Palácio Guanabara, atual sede do governo do Rio de Janeiro. A ação foi movida pela princesa Isabel de Orleans e Bragança, logo após a Proclamação da República, quando o imóvel foi transferido e incorporado ao patrimonio da União. O palácio foi adquirido pela família real em 1864, como dote de casamento da princcesa com o Conde d’Eu. Em 1975 foi doado pela União ao governo do Rio de Janeiro.

EDUCAÇÃO
Do professor para o aluno: não seja professor

Tanya Constantine

A educação no Brasil é ruim. Mais grave é saber que apenas um ínfimo percentual de estudantes pretende se tornar professor – ou seja, a educação cairá mais ainda. Pesquisa da OCDE demonstra que só 2,4% dos jovens brasileiros almejam a carreira docente (há uma década, esse índice era de 7,5%). Quase 49% dos professores são os primeiros a desencorajar os alunos. Motivo: baixos salários.

CRIME
O alvo, agora, foi um jornal

Na noite da quinta-feira 28, a polícia dos EUA informou que pelo menos cinco pessoas (quatro jornalistas e uma assistente comercial) foram mortas e três, feridas, pelo atirador que invadira a redação do jornal “Capital Gazette”, na cidade americana de Annapolis. O assassino foi identificado como Jarrod Ramos, ex-funcionário, que processava um colunista e o editor-chefe.

TOCANTINS
O perigoso espelho da abstenção

Lucas Nascimento

A participação política da população, por meio do voto, é imprescindível à manutenção da democracia e do Estado de Direito – sem tal envolvimento, dentro da racionalidade e não do extremismo, abrem-se as portas a aventureiros autoritários quando o pleito é a nível nacional. A omissão do povo, idem. Dá para entender, no entanto, o ceticismo dos brasileiros diante de uma tradição política de desmandos e corrupção. Na semana passada, a eleição ao governo do Tocantins (segundo turno, venceu Mauro Carlesse) é um perigoso retrato de tal apatia: 34,8% da população do estado (355 mil eleitores) se abstiveram de votar. Esse percentual somado aos de votos nulos e em branco totalizaram assustadores 51,8%.

GEOPOLÍTICA
A vitória de Erdogan é ruim para a União Europeia

Divulgação

De duas, uma: ou a oposição na Turquia é incapaz de descobrir fraude eleitoral ou os institutos de pesquisa do país não sabem contar. Recep Tayyip Erdogan foi eleito para mais um mandato presidencial, em primeiro turno, com 53% dos votos – Muharrem Ince obteve 31%. Nas pesquisas ambos apareciam empatados, e creditava-se isso à situação nada boa da economia. Pois bem, no ano passado, Erdogan fez um plebiscito visando acumular amplos poderes. As pesquisas apontavam que não se queria um ditador. Ele ganhou também esse escrutínio. Quais as consequências de ter-se Erdogan com poderes ilimitados? Uma é certeza: a Turquia não aderirá à União Europeia, o que faz mais instável o continente.

 


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