BRASÍLIA (Reuters) – Uma comissão da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (9) um convite para que o ministro da Defesa, Braga Netto, preste esclarecimentos acerca da decisão da cúpula do Exército de não punir o ex-ministro da Saúde e general da ativa Eduardo Pazuello por participar de uma manifestação política com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no último dia 23 no Rio de Janeiro.

Inicialmente a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle tinha aprovado uma convocação de Braga Netto –quando a autoridade é obrigada a comparecer–, mas o pedido foi transformado para um convite, quando a presença é facultativa. O Exército é uma das três Forças Armadas subordinadas ao ministro da Defesa.

Na semana passada, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, considerou que a presença de Pazuello no ato com Bolsonaro não configurou uma prática de transgressão disciplinar e decidiu arquivar o procedimento administrativo contra o colega, informou nota do Exército.

Pazuello tinha participado, ao lado de Bolsonaro, de evento com apoiadores e chegou a fazer discurso ao microfone. Regulamento disciplinar do Exército considera transgressão a manifestação de militares da ativa a respeito de assuntos de natureza político-partidária.

Em um sinal de tentar blindá-lo, Bolsonaro nomeou Pazuello secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, semanas após substituí-lo como ministro da Saúde durante uma onda mortal da Covid-19 no Brasil.

O evento com Bolsonaro ocorreu no fim de maio, pouco depois de depoimento do ex-ministro à CPI da Covid do Senado que apura a gestão federal no combate à pandemia, em especial no Amazonas, Estado mais atingido pela doença, além de possíveis irregularidades em repasses de recursos da União a entes federativos. Tanto Pazuello quanto Bolsonaro não utilizavam máscaras de proteção e havia concentração de apoiadores.

 

(Reportagem de Ricardo Brito)

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