A comissão de impeachment do Senado recomendou ao plenário nesta sexta-feira, por ampla maioria, o prosseguimento do processo contra a presidente Dilma Rousseff.
O plenário de 81 senadores deve votar nesta quarta-feira (11), se acolhe ou não o parecer, que não é obrigatório, mas que marca o último passo formal antes da decisão de submeter Dilma a um julgamento político. Se confirmado, durante a tramitação do processo até o anúncio da sentença, a presidente ficará 180 dias afastada do cargo.
“A presidenta da República será afastada de suas funções temporariamente”, antecipou o senador Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), um dos promotores do impeachment, depois de votar na comissão.
Ao todo, 15 senadores votaram a favor de aceitar a denúncia, e cinco, contra.
Em uma sessão mais tranquila do que as realizadas na Câmara dos Deputados, os senadores deram hoje um rápido trâmite ao caso.
“Vão tomar o poder pelo atalho, vão subir pela rampa de trás, entrar pela porta dos fundos do Palácio do Planalto”, denunciou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Em 17 de abril, a Câmara dos Deputados aprovou a continuidade do processo de impeachment por 367 a favor, e 137 contra, além de sete abstenções e duas ausências.
– ‘Golpe explícito’ –As pesquisas coincidem em que esses podem ser os últimos dias do governo Dilma, que não se cansa de denunciar o “golpe parlamentar” contra ela. Analistas consultados pela AFP veem poucas chances de seu eventual retorno à Presidência, após o julgamento.
“É golpe explícito e desvio de poder. O pecado original deste processo não pode ficar escondido. Todos aqueles que são beneficiários desse processo – por exemplo, aqueles que estão usurpando o poder, infelizmente, o senhor vice-presidente da República – são cúmplices do processo extremamente grave”, afirmou Dilma.
“Eu sou muito incômoda. Primeiro, porque sou a presidenta eleita; segundo, porque eu não cometi nenhum crime; terceiro, porque se eu renuncio, eu deixo e enterro a prova viva de um golpe absolutamente sem base legal e que tem por objetivo ferir conquistas adquiridas ao longo dos últimos 13 anos”, declarou.
“Eu tenho a disposição de resistir. Resistirei até o último dia”, prometeu Dilma Rousseff, durante a cerimônia de assinatura de contratos para construção de 25 mil unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida, no Palácio do Planalto.
Se Dilma for afastada, o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) assume a Presidência de forma interina.
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