Comércio proibido: o que se sabe sobre produção e consumo de carne de cachorro na Coreia do Sul

Comércio proibido: o que se sabe sobre produção e consumo de carne de cachorro na Coreia do Sul

A Coreia do Sul proibiu o comércio de carne de cachorro após um projeto de lei ser aprovado por parlamentares de Seul nesta terça-feira, 9. A expectativa é de que a circulação e criação dos animais para tal fim seja banida até o ano de 2027. Segundo a revista Time, existem mais de mil fazendas e 34 abatedouros de cães, que servem 1600 restaurantes em todo o território do país asiático.

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Apesar de se tratar de uma prática tradicional da população sul-coreana, a maior parte dos consumidores de carne de cachorro fazem parte das gerações mais velhas do país, já que, segundo o New York Times, as décadas posteriores à Guerra da Coreia (1950-1953) foram de comida escassa, entretanto, a quantidade de pessoas que possuem pets e a preocupação com o bem-estar animal aumentou com o passar dos anos.

De acordo com a instituição Aware, 93% dos adultos que vivem no país declararam que não possuem qualquer intenção de comer carne de cães e 82% se mostraram favoráveis à proibição. Apesar disso, quando a proposta de lei foi sugerida pelo atual governo da Coreia do Sul, 200 fazendeiros se reuniram na frente do gabinete presidencial e ameaçaram soltar dois milhões de cachorros em locais públicos e na casa de legisladores.

Os pecuaristas questionam os dados oficiais e afirmam que 3500 propriedades e três mil restaurantes iriam fechar caso a proibição venha a se efetuar de fato, e os comerciantes não iriam conseguir sobreviver no mercado. Em 2022, cerca de 520 mil cachorros estavam sendo criados para serem abatidos e consumidos na Coreia do Sul. Desde 2015, ativistas ajudaram 18 fazendeiros a transicionar da produção de carne de cachorro para o cultivo de vegetais, segundo o New York Times.

As sentenças para pessoas que abatem esses animais para a produção de alimentos podem chegar a três anos de prisão ou uma fiança de 30 milhões de wons (cerca de R$ 111,3 mil). A criação e venda de cachorros pode gerar uma condenação de dois anos de reclusão ou pagamento de valor equivalente a R$ 74,1 mil. Segundo a revista Time, a proposta de lei sugere que o Estado deve fornecer assistência para que os produtores troquem de negócio até 2027.

De acordo com o New York Times, a proibição coloca a Coreia do Sul em uma lista de países que efetuaram o banimento, como Hong Kong, Índia, Filipinas, Singapura, Taiwan e Tailândia. Milhões de cães ainda são abatidos para consumo humano nos territórios governados pelo Camboja, Indonésia e o Vietnã.