A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo anunciou nesta terça, 11, um programa de fomento cultural de R$ 200 milhões para este ano. Será o maior investimento já feito na área no Estado.

Segundo o secretário da pasta, Sérgio Sá Leitão, será contemplados um total de 9.340 projetos, presenciais e online. Os eventos serão divididos em três programas: o ProAC Direto, para espaços culturais, o ProAC Editais, que somam R$ 162 milhões, e o programa Juntos pela Cultura, que terá R$ 20 milhões.

Haverá ainda a utilização de recursos da Lei Aldir Blanc, do governo federal, de R$ 18 milhões. Trata-se de uma verba não utilizada por municípios e que foi revertida ao Estado para o programa ProAC Lab, destinado aos não contemplados nesta linha em 2020 em setores como teatro, música e artes visuais.

As inscrições para os dois editais do ProAC estarão abertas a partir do dia 18, no site da secretaria, e as inscrições já estão abertas para o programa Juntos pela Cultura, até o fim de maio. Segundo projeções da secretaria, cerca de 138 mil empregos deverão ser gerados, e o impacto econômico é estimado em R$ 300 milhões. Sá Leitão divulgou ainda uma extensa programação festiva referente ao centenário da Semana de Arte Moderna, que acontecerá em fevereiro de 2022. Intitulado Modernismo Hoje, o projeto prevê cerca de 100 eventos ao longo de 18 meses, iniciando em julho deste ano e terminando em dezembro do próximo.

“Uma data da importância da Semana de 22 precisa ser celebrada ao longo de um período significativo, suficiente para que muitos eventos aconteçam”, afirma Sá Leitão. Entre as diversas atividades, destacam-se a temporada da São Paulo Companhia de Dança intitulada Pau Brasil – Inspirações Modernistas, com coreografias inspiradas na música de Villa-Lobos (a partir de 23 de maio de 2022), a exposição Portinari Por Todos, que deve ocorrer no MIS Experience (janeiro a junho de 2022), e a série documental A Semana que Ninguém Viu, mas o Brasil Jamais Esqueceu, produzida pela TV Cultura.

Os 100 eventos do centenário da Semana de Arte Moderna serão, segundo a Secretaria de Cultura, realizados ao longo desses 18 meses com um calendário dos projetos integrado com as prefeituras das cidades que vão participar do evento. Deverão fazer parte do corpo das festividades 60 instituições, entre aparelhos artísticos, espaços e programas culturais do Estado.

Burocracia

Parte da classe artística reclama da burocracia dos processos documentais para a inscrição, sobretudo com relação aos dispositivos que envolvem a obrigatoriedade das contrapartidas sociais e das prestações de conta, exigidas por lei. Sobre o tempo que esse giro completo acaba levando para que o artista consiga finalizar o processo, dificultando muitas vezes o acesso ao benefício, o secretário afirmou ao Estadão: “Temos que seguir os prazos e trâmites determinados pela legislação. Mas fizemos um planejamento rigoroso para acelerar ao máximo os processos, da inscrição online à contratação e aos pagamentos”.

A secretaria informa ainda que os objetivos do incentivo cultural ligado ao centenário de 22 são de “gerar uma oferta de grande relevância e alta qualidade; valorizar a Semana de 22 e seu impacto na produção cultural brasileira; estimular a reflexão sobre o modernismo e o legado dos modernistas e destacar o papel de São Paulo e dos artistas paulistas no modernismo”.

O secretário acredita que a criação de linhas de fomento e a chamada para novos projetos do Modernismo Hoje ajudarão a promover o debate e multiplicar as ações culturais. E promete uma “ação contínua” de articulação do governo com as prefeituras de São Paulo, em cidades do interior e do litoral, com o setor de turismo e instituições culturais privadas e entidades e organizações da sociedade civil. “Nosso objetivo é debater a cultura contemporânea e o novo modernismo do século 21, destacando o papel dos nossos artistas e integrando-os aos espaços públicos”, diz Sá Leitão.

Dentre outros projetos que aparecem em uma prévia, estão a exposição 100 Anos Modernos, em parceria com a Bienal do Mercosul (fevereiro a maio de 2022); o evento musical no Conservatório de Tatuí chamado A Banda do Villa, com bandas sinfônicas do clássico conservatório e do Projeto Guri apresentando obras inéditas a partir de partituras restauradas de Villa-Lobos (em fevereiro de 2022); a exposição A Arte Sacra dos Modernistas, com curadoria de Di Bonetti e Gilson Alcântara (22 de janeiro a 27 de março de 2022); e, na Sala São Paulo, a série Clássicos Modernistas, com a execução pela Osesp de 100 obras de compositores influenciados pelo modernismo (de março a dezembro de 2022); a ocupação A Semana que Durou um Século, com exposição imersiva, intervenções urbanas, shows, teatro e gastronomia no Memorial da América Latina (de janeiro a março de 2022); e, no Museu do Futebol, a exposição e programação cultural De 1822 a 1922: Brasilidades em Campo, (de 25 de janeiro a junho de 2022). (COLABOROU JULIO MARIA)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.