Como em outras cidades dos Estados Unidos, Nova York se pergunta se ainda é possível comemorar o “Columbus Day”, em homenagem ao descobridor da América, Cristóvão Colombo, em meio ao debate sobre a história e o racismo no país.

“Viemos para o final de semana e trouxemos nossos filhos: queremos ver o desfile e as estátuas antes que deixem de existir”, disse Ruth Edelstein-Friedman, que viajou de Miami para assistir ao desfile do “Columbus Day” na 5ª Avenida, que recorda a chegada do navegador genovês às Bahamas, em outubro de 1492.

Para ela e seu marido, Eduardo, o que acontecerá no futuro está claro: após a polêmica sobre os símbolos confederados, que levou à retirada das estátuas de generais sudistas consideradas como recordações da escravidão e do racismo, acabarão as homenagens a Colombo, percebido como a encarnação do genocídio sofrido pelos povos indígenas das Américas.

Mas até o momento ninguém anunciou o fim do desfile em Nova York, que a cada ano reúne mais de um milhão de pessoas para celebrar não apenas o navegante genovês, mas a poderosa comunidade ítalo-americana, representada no mais alto nível pelo prefeito Bill de Blasio e o governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo.

Em contraste com o entusiasmo de Nova York com Colombo, dezenas de cidades americanas estão substituindo o “Columbus Day” – que desde 1937 é feriado nacional – por um dia de homenagem aos “povos indígenas”.

Berkeley, um bastião da esquerda na Califórnia, foi a primeira cidade a tomar tal decisão, seguida por mais de 50 cidades, incluindo Los Angeles, que em agosto decidiu por votação trocar Colombo pelos indígenas.

Mas até mesmo em Nova York a memória de Colombo está ameaça. Estátuas são pichadas ou alvo de protestos que recordam o “genocídio” e a “escravidão” dos povos “descobertos” pelo navegador no Novo Mundo.

Nas redes sociais, são cada vez mais numerosas as mensagens a favor da remoção das estátuas e do fim das homenagens, mas há também os que criticam o “revisionismo da história”.

Após os atos de violência cometidos por grupos neonazistas em Charlottesville e o posterior debate sobre os símbolos do racismo, o prefeito de Nova York designou em agosto uma comissão encarregada de decidir o que fazer com os monumentos mais polêmicos.

O parecer da comissão, anunciou Di Blasio, será conhecido no início de dezembro, um mês após as eleições municipais, na qual o prefeito tentará a reeleição.