O primeiro processo nos Estados Unidos de um grande integrante do Estado Islâmico (EI) começa formalmente nesta quarta-feira perto de Washington, onde será julgado um jihadista de uma célula especializada em sequestro e na execução de reféns ocidentais.
No dia seguinte à seleção dos 18 jurados, incluindo seis suplentes, os promotores e os advogados de El Shafee Elsheikh, de 33 anos, apresentarão seus argumentos, pela primeira vez, no tribunal federal de Alexandria, na Virgínia.
O acusado chegou à Síria em 2012 e integrou uma célula de sequestradores do EI apelidados de “Beatles” por seus próprios prisioneiros devido ao sotaque britânico. O quarteto, ativo até 2015, ficou conhecido ao exibir as decapitações de reféns em seus vídeos de propaganda.
Entre suas vítimas estavam quatro cidadãos americanos: os jornalistas James Foley e Steven Sotloff, assim como os trabalhadores humanitários Kayla Mueller e Peter Kessing, o que justifica a intervenção da justiça americana.
Porém, os “Beatles” são acusados também pela detenção de, ao menos, 27 reféns procedente de 15 países, incluindo Reino Unido, Espanha, Japão, França, Dinamarca, Nova Zelândia, Peru, entre outros.
Alguns ex-reféns devem ser convocados pela promotoria para relatar os abusos sofridos durante os sequestros.
Uma mulher yazidi que permaneceu detida por vários meses com Kayla Mueller pode ser relacionada entre as testemunhas durante as três ou quatro semanas de duração do processo.
Ao contrário de seus compatriotas masculinos, que foram todos executados, a jovem americana teria sido entregue ao líder do EI, Abu Bakr al Bagdadi, que a teria estuprado em várias ocasiões antes de assassiná-la em 2015.
– “O mais brutal” –
Segundo a acusação, os “Beatles” torturavam os seus reféns, especialmente, com simulações de afogamento e de crucificação, assim como sessões de choques elétricos.
De acordo com os ex-sequestrados, El Shafee Elsheikh, apelidado de “George”, era o mais brutal do grupo.
Segundo o repórter espanhol Javier Espinosa, que passou seis meses nas mãos do EI, este homem era “o líder: ele que decidia quem deveria viver ou morrer”.