05/04/2018 - 13:54
Cinco supostos membros de uma rede jihadista que conseguiu enviar 20 jovens da pequena cidade francesa de Lunel para a Síria começaram a ser julgados nesta quinta-feira em Paris, acusados de conspiração terrorista.
Lunel, uma cidade de 26.000 habitantes a cerca de 30 quilômetros de Montpellier, tornou-se um símbolo do fervor jihadista que tomou conta de algumas comunidades muçulmanas nas cidades francesas.
Um grupo de 20 jovens, a maioria amigos de infância, partiu de Lunel para a Síria entre 2013 e 2014.
Quinze deles não retornaram e são alvos de mandados de prisão: oito supostamente morreram e os demais ainda estariam no país governado por Bashar al-Assad.
Na abertura do julgamento, a presidente do tribunal afirmou que o processo visa “entender se havia (em Lunel) um terreno fértil” para o jihadismo.
Os cinco acusados, com idades entre 29 e 47 anos, foram presos no final de 2015. Eles são acusados de “conspiração terrorista”.
Adil Barki, de 39 anos, e Ali Abdoumi, de 47 anos, são acusados de terem viajado à Síria para a jihad (guerra santa).
Abdoumi nega ter feito a viagem, enquanto Barki disse que só ficou algumas semanas e que seus recrutadores só lhe confiaram tarefas domésticas porque ele é propenso a ataques de pânico.
Os outros três réus, Hamza Mosli, Jawad S. e Saad B. não deixaram Lunel. O Ministério Público considera Mosli, que perdeu dois irmãos na Síria, “um personagem central” do grupo. Ele teria agido como intermediário entre os aspirantes a jihadistas e contatos na Síria.
Ao chegarem na Síria, os chamados “meninos perdidos” de Lunel primeiro juntaram-se ao Jaysh Muhammad (“Exército de Maomé”), um grupo próximo da Frente al-Nusra, então aliada da Al-Qaeda, antes de ingressarem no Estado Islâmico (EI).
A maioria dos jihadistas de Lunel eram amigos desde a infância, frequentavam a mesquita da cidade, reuniões sobre a religião e o pequeno restaurante “Le Bahut” de Abdelkarim, o primeiro a embarcar no caminho da jihad.
Em Lunel, reinava “uma atmosfera de jihad”, uma competição entre os jovens “para ver quem falava mais sobre isso”, disse Jawad aos investigadores.
O veredicto é esperado para 11 de abril.