O julgamento do chefe político dos sérvios da Bósnia, Milorad Dodik, acusado de rejeitar a autoridade do Alto Representante internacional que supervisiona os acordos de paz do país, começou nesta segunda-feira (5) depois de vários adiamentos.

Esse processo marca um possível ponto de inflexão para a Bósnia, já que põe à prova a capacidade do fragilizado governo central para fazer com que um destacado político que descumpriu abertamente os acordos de paz e as decisões judiciais preste contas.

Dodik, de 64 anos, foi acusado de “descumprir” as decisões do Alto Representante para o país, atualmente o diplomata alemão Christian Schmidt.

O titular do cargo, criado pelos acordos de paz de Dayton em 1995, tem poderes discricionários para anular ou impor leis e também para destituir representantes eleitos.

O líder dos sérvios da Bósnia, próximo ao Kremlin e sancionado pelos Estados Unidos e Reino Unido por suas ameaças separatistas, pode enfrentar a até cinco anos de prisão eser proibido de participar da política.

O julgamento ocorre após meses de crescentes tensões, depois de que Dodik promulgou duas leis para proibir a aplicação das decisões do Tribunal Constitucional da Bósnia e do Alto Representante na República Srpska.

Christian Schmidt anulou os dois textos aprovados pelo Parlamento.

Na segunda-feira, na saída do tribunal de Sarajevo, Dodik qualificou a ação judicial contra ele de “processo puramente político”.

Em setembro, advertiu em uma entrevista que “Milorad Dodik pode ir ao tribunal, mas não colocarão Milorad Dodik na prisão mesmo que o condenem”.

Desde os acordos de paz de Dayton (EUA), que puseram fim à guerra intercomunitária de 1992-1995 na Bósnia, o país está dividido em duas entidades, uma sérvia e outra croata-muçulmana.

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