ATMOSFERA Foguete árabe foi lançado em base espacial japonesa (Crédito:HANDOUT)

A colonização de outros planetas é um sonho da humanidade e Marte, uma aposta cada vez mais certeira. Uma nova corrida espacial, que envolve os Estados Unidos, a China e os Emirados Árabes Unidos, acontece neste momento e promete levar os primeiros seres humanos ao Planeta Vermelho até 2030. Os três países programaram enviar missões não tripuladas para lá entre julho e agosto deste ano, quando há condições ideais de proximidade e a distância entre a Terra e Marte é reduzida para 57 milhões de quilômetros. Com as espaçonaves voando a 10 mil quilômetros por hora, a viagem, nas atuais circunstâncias, dura cerca de sete meses, metade do tempo gasto em outros períodos. A pesquisa das condições climáticas e a análise da possibilidade de humanos habitarem o território marciano são os principais focos de todas as missões.

Calcula-se que uma viagem tripulada a Marte custará de US$ 100 bilhões a US$ 500 bilhões. Mas antes de levar adiante esse projeto, os cientistas querem entender como um planeta quente e úmido se transformou num lugar frio e árido. Em 2012, o robô norte-americano Curiosity fez importantes descobertas. “Ele encontrou um lago, material orgânico e fontes de energia química nas rochas, elementos que sugerem a existência de condições mínimas para a vida”, diz o engenheiro brasileiro da NASA Ivair Gontijo, que participou da construção do Curiosity. “Marte será um dia a segunda morada da espécie humana”, completa. Na dianteira tecnológica dessa corrida estão os Estados Unidos, com longa tradição em viagens espaciais. O lançamento do foguete “Mars 2020” está previsto para a próxima quinta-feira, 30. A expedição levará o Perseverance, robô mais avançado já desenvolvido na busca de vida em Marte. O pouso da nave será na cratera de Jezero, onde existiu um lago com 500 quilômetros quadrados. A missão trará pela primeira vez para a Terra amostras de fragmentos de rocha.

ASTROMÓVEL O robô norte americano Perseverance vai procurar fragmentos de rocha para trazer à Terra

Ambição espacial

BRASIL O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, é astronauta e quer voltar para o espaço (Crédito:MAURICIO LIMA)

Debutante no círculo científico espacial, os Emirados Árabes lançaram no domingo, 19, no Centro Espacial Tanegashima, no Japão, a sonda “Hope Mars”, que ficará em órbita colhendo dados sobre a atmosfera de Marte. O investimento na missão é de US$ 200 milhões e os cientistas árabes contaram com a colaboração de universidades americanas. A pouca tradição dos Emirados não impede planos ambiciosos. O País gostaria de estabelecer, até 2117, uma colônia marciana. Com mais experiência em viagens espaciais, a China enviou, quinta, 23, o foguete “Long March 5” com um módulo de pouso para aterrissar em Marte, uma sonda orbital que girará em torno do planeta e um astromóvel responsável por recolher amostras e fazer análise do solo. Além da atmosfera marciana, a China quer estudar melhor as características geológicas e a evolução do planeta no Sistema Solar. O que o governo chinês pretende é se posicionar como concorrente dos americanos.

Embora tenha deixado de lado seu programa espacial, o Brasil tem como ministro da Ciência e Tecnologia o astronauta Marcos Pontes, que demonstra um interesse especial no assunto. Ele foi o primeiro brasileiro a viajar para o espaço, em 2006. “Gostaria de participar de uma missão tripulada para Marte”, declarou. Pontes acredita que uma missão desse tipo teria poucas chances de retornar para a Terra e, portanto, faz sentido enviar astronautas mais velhos, com menor expectativa de vida, do que astronautas jovens. Diante disso, o ministro, que terá 67 anos em 2030, se considera apto para participar das futuras viagens tripuladas. Vai depender, porém, de um convite de alguma agência espacial estrangeira, já que o Brasil ainda nem conseguiu sair da órbita terrestre e está totalmente fora da fascinante corrida para o Planeta Vermelho.