Os combates continuavam nesta sexta-feira (9), na região de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, enquanto Moscou relata, por sua vez, ter repelido vários ataques ucranianos, o que observadores dizem que podem ser os primeiros sinais de uma grande contraofensiva de Kiev.

“Durante as últimas 24 horas, as forças ucranianas continuaram suas tentativas de realizar ofensivas nas regiões de Yukhno-Donetsk e Zaporizhzhia”, disse o Ministério da Defesa da Rússia, acrescentando que essas tentativas foram repelidas graças a “ações decisivas (…) das unidades das forças russas”.

Pouco antes, Vladimir Rogov, uma autoridade da ocupação russa, havia relatado a retomada dos “combates ativos na região de Orekhovo (o nome russo para Orikhiv) e Tokmak”, na região de Zaporizhzhia, na altura da atual linha de frente entre as forças russas e ucranianas.

Rogov não deu mais detalhes, mas, de acordo com Alexander Sladkov, um correspondente da televisão pública russa, as “artilharias” russas e ucranianas estão ativas, e as tropas de Kiev, na ofensiva.

“Estão em curso combates duros e prolongados”, escreveu este jornalista, ao amanhecer, no Telegram, onde tem mais de um milhão de seguidores.

“O inimigo faz esforços incríveis, ataques. Em vão. Os nossos resistem. A linha de frente está preservada”, relatou.

Esta informação não pôde ser imediatamente verificada por fontes independentes.

“A contraofensiva ucraniana começou”, estimam vários observadores, entre os quais o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), que diz não esperar “uma única grande operação”, mas sim uma série de ações coordenadas.

– Ataque com drone –

A vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Maliar, indicou, por sua vez, que o “epicentro” dos combates continua sendo o leste do país, e comentou, evasivamente, as operações no sul.

“O inimigo realiza ações defensivas no setor de Zaporizhzhia. Continuam os combates de posição”, disse ela.

Segundo observadores, o Exército ucraniano busca avançar na região de Zaporizhzhia em direção a Tokmak, 40 quilômetros ao sul de Orikhiv, centro logístico das forças russas e última localidade importante próxima das cidades de Melitopol e de Berdiansk, no Mar Negro.

O Estado-Maior ucraniano mantém um perfil baixo sobre suas reais intenções.

Nas últimas semanas, a Ucrânia pôs à prova as posições russas ao longo da linha de frente, de sul a leste, uma forma, dizem os especialistas, de semear a incerteza antes de realizar um ataque decisivo.

Mais para o interior do território russo, na cidade de Voronezh, a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Ucrânia, três pessoas ficaram feridas nesta sexta-feira quando um drone se chocou com umm edifício residencial, informaram as autoridades locais.

É o primeiro incidente desse tipo em Voronekh, cidade de mais de um milhão de habitantes perto da região de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia e alvo de bombardeios há semanas.

– Problemas de acesso à água potável –

Nas regiões meridionais de Kherson e Mykolaiv, as inundações causadas pela destruição da represa de Kakhovka no rio Dnieper na terça-feira deixaram pelo menos 13 mortos: oito, em áreas controladas pela Rússia; e cinco, em áreas ucranianas, onde também há 13 desaparecidos.

“Segundo as previsões, o aumento das águas ainda pode durar dez dias”, afirmou Vladimir Saldo, líder da zona ocupada na região.

“A água já entrou nas casas e nas ruas. A cada duas horas saio para ver se a água ainda está subindo”, disse Tatiana Yoenko, de 45 anos, moradora de Chornobaivka.

Na cidade de Kherson, o nível da água estava começando a baixar “pela primeira vez”, segundo Laura Musiyan, do centro meteorológico local.

“Para centenas de milhares de pessoas em muitas cidades e vilas, o acesso à água potável está seriamente comprometido”, lamentou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, um dia após uma visita à área.

O nível da água na barragem “desceu 4,7 metros” desde terça-feira, alertou o operador ucraniano da instalação, Ukrhydroenergo.

Ontem, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que central nuclear de Zaporizhzhia, localizada a cerca de 150 km rio acima, continua a bombear água de resfriamento do reservatório.

Kiev e Moscou trocam acusações pela destruição da barragem e pelos bombardeios que se seguiram durante as operações de evacuação em Kherson.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, estimou, nesta sexta, que “tudo parece indicar” que os russos destruíram a instalação.

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