Os hospitais do norte da Faixa de Gaza, nos quais milhares de pessoas se refugiam dos incessantes bombardeios, alertaram neste sábado (11) que sua situação é cada vez mais crítica, em meio aos combates nas imediações entre tropas israelenses e milicianos do Hamas e pela falta de recursos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 20 dos 36 hospitais de Gaza “não funcionam mais”, na quinta semana do conflito deflagrado pelo ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas.

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O hospital Al Shifa, na cidade de Gaza, o mais importante do território, “foi alvo, durante toda a noite, de intensos disparos de artilharia, assim como outros hospitais da cidade”, declarou seu diretor, Mohammed Abu Salmiya neste sábado, acrescentando que, por causa disso, as ambulâncias não conseguiram buscar “dezenas de mortos” e “centenas” de feridos”.

No entanto, o Exército israelense negou neste sábado ter atacado o hospital, classificando como “falsa” a informação de que suas tropas estão “cercando e atacando” o local.

Israel também indicou que ajudará no domingo “a evacuar os bebês do departamento de pediatria para um hospital mais seguro”.

Dois bebês prematuros morreram em Al Shifa, devido à interrupção de seu tratamento causada por cortes de energia, e as vidas de outros 37 estão “em risco real”, afirmou a ONG israelense Médicos pelos Direitos Humanos Israel, citando médicos do complexo hospitalar palestino.

O Ministério da Saúde da Faixa, governada pelo Hamas, já havia indicado que as incubadoras de Al Shifa conseguirão funcionar apenas até a noite deste sábado, por falta de combustível.

Segundo o balanço revisado pelas autoridades israelenses, 1.200 pessoas, a maioria civis, morreram em seu território no sangrento ataque do Hamas em 7 de outubro.

Os bombardeios e a operação terrestre lançada em represália por Israel deixaram mais de 11.000 mortos na Faixa de Gaza, incluindo mais de 4.500 crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

– Cenas de ‘horror’ –

 

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) observou, neste sábado, que, “os ataques contra o hospital Al Shifa se intensificaram de forma dramática” e falou de uma situação “catastrófica” em seu interior.

Citada pela MSF, uma enfermeira do estabelecimento, Maher Sharif, descreveu uma “cena de horror”. “Vi cadáveres, incluindo mulheres e crianças”, relatou.

O Exército israelense, que acusa o Hamas de lançar suas operações a partir de hospitais, não comentou essas acusações, mas disse que matará combatentes que atirarem desses locais.

Em Londres, cerca de 300 mil pessoas, segundo estimativas da polícia britânica, participaram de uma manifestação para pedir o fim dos bombardeios israelenses em Gaza.

Neste sábado à noite, milhares de pessoas foram às ruas de Tel Aviv para exigir o retorno dos reféns, montando uma mesa com mais de 200 cadeiras vazias como forma de protesto.

– Cúpula em Riade –

 

Em Riade, a declaração final de uma cúpula conjunta da Liga Árabe e da Organização da Cooperação Islâmica rejeitou as afirmações israelenses de que Israel estaria agindo em “legítima defesa”.

O texto também exige que o Conselho de Segurança da ONU adote “uma resolução decisiva e vinculante” para deter a “agressão” de Israel.

Israel e Estados Unidos, seu principal aliado, rejeitaram até agora todos os apelos de um cessar-fogo em Gaza.

Cerca de 1,6 milhão dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza se viram forçados a abandonar seus lares desde o início da guerra, segundo a ONU.

Israel concordou em fazer “pausas” humanitárias diárias para permitir a fuga para o sul da Faixa, através de um corredor previsto para esse êxodo.

Cerca de 200 mil pessoas fugiram do norte do território nos últimos três dias através de “corredores”, segundo um porta-voz do Exército israelense.

Nesse sentindo, o posto fronteiriço de Rafah, controlado pelo Egito, deve reabrir neste domingo para permitir a passagem de feridos, estrangeiros e pessoas com dupla cidadania.

Centenas de milhares de deslocados estão amontoados em condições desastrosas no sul desse estreito território, de apenas 362 km², sem água, luz, comida e remédios, devido ao cerco imposto por Israel.

A comunidade internacional teme que o conflito se estenda para outros países da região.

Israel enfrenta “várias frentes”, disse o porta-voz militar Richard Hecht na sexta-feira, com trocas de disparos com o Hezbollah na fronteira com o Líbano, ou projéteis e drones lançados em seu território da Síria, ou pelos rebeldes huthis, do Iêmen.

Um bombardeio israelense atingiu um veículo neste sábado no sul do Líbano, 45 quilômetros ao norte da fronteira entre os dois países. Foi o primeiro ataque em profundidade em território libanês desde o início das hostilidades, segundo a imprensa estatal libanesa.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou neste sábado que o Líbano poderia ter o mesmo destino de Gaza se o movimento pró-Irã Hezbollah, aliado do Hamas, arrastar o país para a guerra.

“O que podemos fazer em Gaza também podemos fazer em Beirute”, ameaçou Gallant na zona fronteiriça com o Líbano.

 

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