Enquanto no Brasil o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) passou a recomendar que árbitros paralisem as partidas se casos de homofobia e transfobia forem registrados nos estádios, a França está em direção contrária. O presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF, na sigla em francês), Noël Le Graët, pediu aos árbitros para que não interrompam os jogos por causa de cantos ou bandeiras homofóbicas nas arquibancadas e abriu uma grande polêmica no país atual campeão do mundo.

“Parar as partidas não me interessa. É um erro. Pararia um jogo por causa de gritos racistas, pararia uma partida por causa de uma briga ou por causa de incidentes se houver perigo nas arquibancadas, mas não é o mesmo”, disse Le Graët. O dirigente defendeu ainda que funcionários do clubes devem retirar bandeiras homofóbicas das arquibancadas, mas o jogo não deve ser paralisado.

Para Le Graët, racismo e homofobia “não são a mesma coisa”. O dirigente alega que a homofobia é um problema nacional e, por isso, não aceita que apenas o futebol seja afetado. Le Graët recebeu o apoio do técnico da seleção francesa, Didier Deschamps, o que aumentou ainda mais a polêmica.

Ex-campeã de natação e atual ministra dos Esportes, Roxana Maracineanu qualificou de “erro” o ponto de vista do dirigente. Le Graët rebateu: “Ela não tem o hábito de ir aos estádios e é verdade que nas piscinas não se ouve o que se grita”.

O debate se intensificou na França porque desde o início da temporada várias partidas foram interrompidas na primeira e na segunda divisões para deter cantos homofóbicos vindos das arquibancadas ou para remover bandeiras, uma atitude que o governo francês defende. Um dos casos ocorreu na vitória do Paris Saint-Germain sobre o Metz, no Stade Saint-Symphorien, em Metz, no dia 30 de agosto. Dois dias antes, os torcedores de Nice exibiram uma faixa com a inscrição “OM: apoie uma equipe LGBT para lutar contra a homofobia” durante partida contra o Olympique de Marselha.

Dirigentes do futebol e políticos do país têm trocado farpas sobre como agir contra a homofobia nos estádios. Chegou a ser agendada uma reunião da Liga de Futebol Profissional (LFP, na sigla em francês) com representantes dos torcedores e associações antidiscriminação.

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Com o objetivo de reduzir a tensão, a ministra do Esporte e o presidente da Federação Francesa de Futebol publicaram uma declaração conjunta para mostrar que estão de acordo em “agir de maneira decisiva, adaptada e pragmática”. O presidente da federação, no entanto, não tem autoridade para instruir os árbitros a ignorarem as novas regras.

A partir da próxima rodada do Campeonato Francês, que começa nesta sexta-feira com a partida entre Lille e Angers, ficou definido que quando forem ouvidos gritos discriminatórios nas arquibancadas os delegados da Liga vão alertar o árbitro, que tomará a decisão de interromper ou não a partida.


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