Os comandantes militares dos países da África Ocidental se reunirão na quinta-feira e sexta-feira (17 e 18) em Gana para discutir uma possível intervenção armada no Níger, onde um golpe de Estado derrubou o presidente Mohamed Bazoum no final de julho, afirmaram fontes da região nesta terça-feira (15).

A reunião deveria ter acontecido no sábado em Acra, capital de Gana, mas foi adiada “por razões técnicas”, segundo fontes militares.

A reunião ocorre depois que os líderes da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) ordenaram, na semana passada, o envio de sua “força de espera” para restaurar a ordem constitucional no país, palco de um golpe de Estado em 26 de julho.

Na cúpula realizada em Abuja, na Nigéria, os membros da Cedeao também reafirmaram a sua preferência por resolver a crise de forma diplomática.

A eleição do presidente Bazoum em 2021 foi um momento-chave no país, já que marcou a primeira transferência pacífica de poder desde sua independência da França em 1960. Mas desde o golpe, ele está detido em sua residência com a esposa e o filho.

O Níger era um dos últimos aliados das potências ocidentais na região do Sahel após os golpes de Estado no Mali (2020) e em Burkina Faso (2022). A área é assolada por grupos jihadistas como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda.

– Diplomacia –

Em 30 de julho, a Cedeao emitiu um ultimato de sete dias para o retorno de Bazoum ao poder, sob pena de uso da força. O prazo expirou, mas os novos governantes não recuaram.

Os analistas afirmam que uma intervenção militar seria política e taticamente arriscada, devido, entre outras coisas, às divisões que existem entre os 15 membros da Cedeao.

Desde o início da crise, os militares no poder enviaram sinais contraditórios.

No sábado, uma delegação de líderes muçulmanos nigerianos, com sinal verde do presidente da Nigéria e presidente nigeriano e atual presidente da Cedeao, Bola Tinubu, viajou para Niamey para “diminuir as tensões”.

Após o encontro, o xeque Bala Lau, à frente da missão, garantiu que o general Abdourahamane Tiani, principal nome do novo regime do Níger, se mostrou disposto a “explorar os canais diplomáticos e a paz para resolver” a crise.

Mas no domingo, a nova liderança anunciou que havia reunido “evidências para processar o presidente deposto” por “alta traição” e por “minar a segurança interna e externa do Níger”.

Os países da Cedeao condenaram uma “nova provocação” do regime militar e consideraram que o gesto contrariava a “vontade manifestada pelas autoridades militares de restabelecer a ordem constitucional por meios pacíficos”.

O presidente russo, Vladimir Putin, pediu uma resolução “política e diplomática pacífica” da crise durante um telefonema com o líder da junta do Mali, Assimi Goita, informou o Kremlin nesta terça-feira.

– Um país pobre e instável –

Bazoum, de 63 anos, sobreviveu a duas tentativas de golpe antes de ser deposto em julho, o quinto golpe de Estado na história do país. Sua queda foi um duro golpe para a estratégia francesa e americana no Sahel.

A França mantém 1.500 militares em Niamey, no âmbito de uma operação de combate aos jihadistas sob comando nigerino. Os Estados Unidos têm cerca de mil soldados.

Os golpes militares no Mali e em Burkina Faso já obrigaram a retirada das tropas francesas daqueles países, que pouco depois tiveram que se retirar também da República Centro-Africana.

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