O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para não prestar depoimento à corte no processo penal que julga os responsáveis por uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Olsen foi indicado como testemunha pelo ex-comandante da Força, Almir Garnier Santos, um dos 31 réus pela trama golpista. Almirante de esquadra, ele foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e assumiu o comando da Marinha em janeiro de 2023, sucedendo Garnier no posto.
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Comandantes na trama
Conforme as provas levantadas pela Polícia Federal e apresentadas como denúncia pela PGR (Procuradoria-Geral da Repúblic), Garnier colocou suas tropas à disposição de Jair Bolsonaro (PL) ao ser apresentado pelo mandatário a um plano de ruptura institucional. Na ocasião, segundo o general Marco Antônio Freire Gomes, que comandava o Exército, ele e o brigadeiro Baptista Júnior, chefe da Aeronáutica, recusaram a proposta.
Essa versão foi confirmada por Baptista na quarta-feira, 21, em depoimento ao tribunal. “Em uma dessas [reuniões], ele falou que as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente”, disse o brigadeiro, que acrescentou ter alertado o ex-presidente sobre a inexistência de fraude nas urnas eletrônicas em 2022.
Na segunda-feira, 19, Freire Gomes também depôs ao STF e confirmou que os chefes das Forças Armadas foram apresentados ao plano, mas alterou a versão dada aos policiais e não repetiu que o comandante da Marinha colocou as tropas à disposição, razão pela qual foi questionado pelo ministro Alexandre de Moraes. O general relatou que, na reunião, Garnier disse que “estava com o presidente“, mas que não poderia interpretar essa fala.
São réus 31 dos 34 denunciados no processo. Se condenados, eles poderão pegar mais de 43 anos de prisão.