O Festival de Inverno de Campos do Jordão terá 84 concertos e vai receber 142 alunos entre os dias 2 e 31 de julho. As atividades pedagógicas serão realizadas em São Paulo e os concertos, tanto na capital como em Campos do Jordão.

O investimento total é de R$ 6 milhões, valor que será pago pelo Governo do Estado, sem utilização da Lei Rouanet. Segundo Marcelo Lopes, diretor executivo da Fundação Osesp, gestora do festival, isso se deu por complicações geradas pela instrução normativa da lei publicada em fevereiro pela Secretaria de Cultura federal.

“Ela torna mais difícil a operação de projetos como a Osesp ou o Festival de Campos do Jordão, que trabalham com planos anuais”, explica. “O segundo problema tem a ver com a burocratização: os sistemas de gestão têm apresentado problemas e isso nos impede de utilizar recursos que foram captados e não estão liberados.”

Segundo a secretaria, 90% dos concertos serão gratuitos. Em Campos do Jordão, eles vão acontecer no Auditório Claudio Santoro, no auditório do Parque do Capivari, no Palácio Boa Vista e na Igreja Santa Terezinha. A Sala São Paulo e a Sala do Coro serão os palcos do festival em São Paulo. O Palácio Boa Vista vai abrigar também uma exposição em parceria com a Fundação Bienal de São Paulo.

O tema do festival, segundo o diretor artístico Arthur Nestrovski, será Modernos Eternos, evocando o poema Eterno, em que Carlos Drummond de Andrade escreve “E como ficou chato ser moderno / Agora serei eterno”. A escolha está relacionada ao centenário da Semana de Arte Moderna, que vai orientar parte da programação do evento.

A abertura será feita pela Osesp, que vai se apresentar no dia 2 com o maestro Thierry Fischer e o pianista Jan Lisiecki. O grupo faz mais dois concertos: o primeiro, com Fischer regendo a Sinfonia nº 2 de Sibelius; o segundo, com Giancarlo Guerrero interpretando o Concerto para violino de Francisco Mignone e a Cantata Criolla do compositor venezuelano Antonio Estevez.

A Orquestra do Festival, formada por alunos, também vai realizar três programas distintos. No primeiro, o destaque é o bicentenário de Cesar Franck, de quem será tocada a Sinfonia, sob regência do turco Çen Mansur. No segundo, a regência é Neil Thomson; e, no terceiro, do brasileiro radicados nos EUA Marcelo Lehninger. Outros destaques dos programas são Santos Football Music, de Gilberto Mendes, de quem se comemora este ano o centenário de nascimento, e Half-Time, de Martinu.

Fabio Zanon, diretor pedagógico do festival, chama atenção para a mudança, com o tempo, do perfil do aluno de música. “É difícil de calcular o impacto que o festival tem na vida dos alunos. O perfil mudou muito. Trinta, quarenta anos atrás, eles vinham de classe média. Hoje, a vasta maioria vem de projetos sociais, de igrejas, de bandas, então o perfil social é muito mais variado. O festival gera alternativas profissionais para esses alunos, oportunidades que há cinquenta anos não existiam.”

A primeira semana será dedicada à preparação da música de câmara que será apresentada ao longo do mês na Sala do Coro na Sala São Paulo. Zanon chama atenção para a integral dos choros de câmara de Villa-Lobos, além de obras de Camargo Guarnieri, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Edgar Varèse.

A maior parte dos professores vem da Osesp e das orquestras brasileiras. Foi fechada também parceria com as Juventudes Musicais de Gênova, na Itália: de lá virão maestro e cantores para trabalhar com a Orquestra Jovem do Theatro São Pedro em um programa com obras de Verdi, Mascagni, Puccini e Carlos Gomes.

Entre as orquestras convidadas estão a Sinfônica Municipal de São Paulo (com Roberto Minczuk e Yamandu Costa); a Orquestra Jovem do Estado (com Claudio Cruz e Rosana Lamosa, interpretando A Floresta do Amazonas, de Villa-Lobos); a Filarmônica de Goiás; e a Orquestra de Câmara de Curitiba. Os pianistas Jean-Louis Steuermann, Fabio Martino e Lucas Thomazinho, a violoncelista Marina Martins, o violonista Fabio Zanon e violinistas da Osesp estão entre os músicos convidados.