Em 2013, quando Justin Timberlake se apresentou pela última vez no Brasil, o show dividiu opiniões. Há quem tenha achado sua performance displicente, fraca e comportada demais. Alguns, inclusive, sentiram falta do improviso e da dança efervescente, características tão peculiares do popstar.
Justin é talentoso, não há dúvidas disso. Quatro anos depois, o que se viu na noite deste domingo, 17, no Palco Mundo do Rock in Rio, foi a redenção de um artista maduro, multifacetado e musicalmente versátil. “Only When I Walk Away”, primeira música do show, mostrou logo de início que tudo, desta vez, seria diferente, apesar do som baixo que saia do Palco Mundo.
Se o primeiro fim de semana do Rock in Rio precisava, de fato, de um campeão, ele encontrou na apresentação de Justin Timberlake uma maneira de coroar não só a ele, mas toda a música pop. Fergie patinou. Cantora oficial da churrascaria do bairro, a musa do Black Eyed Peas foi a artista que mais desafinou na história do evento.
O Maroon 5 também se esforçou. Sem Lady Gaga, Adam Levine e companhia tiveram duas oportunidades para abocanhar o título. Não conseguiram, apesar de duas apresentações razoáveis. Restou, portanto, a Justin a chance de sair coroado. E ele, claro, não decepcionou.
Mais maduro, distribuiu bem os hits de seus quatro discos de estúdio: “Justified” (2002), “FutureSex/LoveSounds” (2006), “The 20/20 Experience” e “The 20/20 Experience 2 of 2” (2013).
Com um repertório similar ao da apresentação de 2013, Justin teve uma mudança nítida no palco. “Can’t Stop This Feeling”, trilha sonora do filme “Trolls”, ajudou a encorpar o set. Não há quem não tenha tido vontade de dançar com a canção mais grudenta (e isso não significa ruim) de 2016. Justin, inclusive, se aproveitou disso para dar ainda mais gás à performance. “My Love, Cry Me A River”, “What Goes Around Comes Around”, “Summer Love” e “Mirrors” deram conta do recado.
Virtuoso ator e produtor musical, Justin não é nem sombra daquele rapazinho franzino e de cabelo descolorido que se apresentou com sua ex-boy band, o N’Sync, no Rock in Rio de 2001. Há ali um músico completo e que está a quilômetros de distância de outros artistas que fazem o mesmo tipo de música que ele.
De poucas palavras, Justin preferiu falar com o corpo. Uma reboladinha para cá, outra pra lá, tudo para ele era festa. A cada dança, o cantor promovia uma verdadeira catarse na Cidade do Rock. O público, jovem e desengonçado em sua maioria, tentava seguir o ritmo alucinante do astro da música pop, que beijou discretamente a bandeira do Brasil.
O que incomodava bastante, entretanto, era o volume do som. Mais baixo do que nas apresentações anteriores, quem estava mais ao fundo não conseguia ouvir a voz de Justin com tanta clareza. O mesmo ocorreu com o Maroon 5 nas noites de sexta e Sábado (dias 16 e 16). Isso, em algumas canções menos conhecidas, fez o público ficar disperso. Tal problema não ofuscou o brilho de Justin, que, quatro anos depois, voltou ao Brasil para uma performance ainda mais pop e dançante.