A apresentação do cantor Léo Santana na festa de aniversário da cidade de Embu das Artes, na Grande São Paulo, no domingo, 18, esteve envolvida em uma polêmica, que chegou à Justiça de São Paulo. O vereador Abidan Henrique (PSB) entrou com uma ação contra o show, pois, segundo ele, houve uma série de irregularidades na contratação do artista. Mesmo assim, a Justiça deu um parecer favorável para a realização da atração.

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Na ação popular, o vereador argumentou que “o festival se mostra contrário ao interesse público, vez que o dinheiro utilizado seria melhor aplicado em políticas públicas”. Na sexta-feira, 16, o juiz André Luiz Tomasi de Queiróz determinou a suspensão do evento.

Porém a prefeitura recorreu e o desembargador Antonio Carlos Villen decidiu pela manutenção do evento ao ressaltar que o preço contratado para o show de Léo Santana, no valor de R$ 620 mil, havia sido pago integralmente de forma adiantada.

Em entrevista à ISTOÉ, o vereador Abidan Henrique afirmou que, mesmo com a realização do show, quem perdeu foi a cidade, pois “conseguimos observar a má gestão financeira da administração municipal”.

O parlamentar citou como exemplo a falta de recursos destinados para as obras de combate à enchente. “O prefeito Ney Santos (Republicanos) chegou a decretar estado de calamidade pública por conta dos 10 pontos de alagamentos que se formaram após as fortes chuvas das últimas semanas, mas destinou zero reais para as obras”, completou.

Além disso, o vereador destacou que diversos setores da cidade encontram-se com pagamentos atrasado, como a própria secretaria de Cultura que tem 15 monitores culturais com os salários de R$ 1.300 atrasados, cerca de 100 médicos que ainda não receberam por plantões efetuados e funcionários do raio-X e dos refeitórios dos hospitais que também estão com salários em atraso.

“Avalio que o prefeito não sabe como gerir o orçamento municipal visando o bem-estar da população, pois está investindo onde não deve e deixando de investir em setores muito sensíveis para a cidade”, afirmou o parlamentar.

Orçamento municipal

O vereador Abidan Henrique explicou que não falta orçamento para Embu das Artes, que está em R$ 1,3 bilhão. O problema, segundo ele, é que a administração municipal não usa recursos da secretaria de Cultura para a realização de eventos, pois o dinheiro desse setor está totalmente comprometido com a folha de pagamento.

“Por conta disso, o prefeito se utiliza de uma estratégia: remanejar dinheiro de outros setores para fazer os shows. Por exemplo, em 2023, ele usou uma parte do orçamento da Saúde e da Segurança Pública para custear a apresentação de Wesley Safadão. Neste ano, para custear o show de Léo Santana, foi retirada uma parte da verba da secretaria de Tecnologia”, explicou.

Além disso, de acordo com o vereador, o prefeito Ney Santos retirou e colocou postos mais altos no entorno do centro de Embu das Artes para que o trio de Léo Santana pudesse passar. “Essa ação fez com que os moradores ficassem sem energia e internet por horas na quinta-feira, 15, e sexta-feira, 16. E houve trânsito na região, pois duas vias tiveram de ser interditadas para que os funcionários da Enel fizessem a modificação”, completou.

Agora o parlamentar pretende apresentar uma ação contra o prefeito e o secretário de cultura de Embu das Artes, Anderson da Silva Zonta, por improbidade administrativa. “Vamos juntar todas as hipocrisias e irregularidades e apresentar ao Tribunal de Contas e Ministério Público de Contas. Além disso, vamos questionar a forma de contratação do artista, já que houve o pagamento integral da apresentação, que é ilegal, e a administração municipal não respeitou todas as etapas previstas no serviço público para o contrato do show”, finalizou.

A ISTOÉ entrou em contato com a Prefeitura de Embu das Artes para comentar o caso, mas não obteve resposta até o momento. O espaço permanece aberto.