SÃO PAULO (Reuters) – A safra de soja do Brasil 2022/23 foi estimada nesta segunda-feira em um recorde de 157,7 milhões de toneladas, alta de 3 milhões de toneladas na comparação com a previsão de março, impulsionada por produtividades maiores mas também por ajustes na área plantada, que teve o maior aumento anual em nove anos, acordo com levantamento da StoneX.

Com a colheita da safra brasileira de soja já caminhando para o seu quarto final, a consultoria agora estima a área plantada em históricos 44,17 milhões de hectares, versus 43,9 milhões de hectares na estimativa do mês anterior.

A nova projeção significa um aumento de área de 7,1% ante a temporada passada, ou quase 3 milhões de hectares. Essa alta anual é a maior no país para a soja desde a temporada 2013/14, quando o plantio aumentou 8,8% versus o ano anterior, conforme dados da StoneX.

“Essa área recorde nacional é resultado do aumento de área em praticamente todos os Estados produtores, incentivado pela boa rentabilidade da soja e pela disponibilidade de área, como as oriundas de conversão de pastagens para a agricultura”, comentou especialista da StoneX Ana Luiza Lodi, à Reuters.

Ela não detalhou as regiões com maior crescimento.

A consultoria trabalha com uma área plantada superior à apontada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que projetou no seu mais recentemente levantamento 43,5 milhões de hectares, com Estados como o Mato Grosso liderando em termos de avanços absolutos, com cerca de 700 mil hectares a mais de um ano para o outro.

Em Mato Grosso, maior produtor do Brasil, a safra tem avançado mais em terras que estavam sendo utilizadas antes como pastos, o que segundo integrantes do setor evita novos desmatamentos. Dados da indústria apontam maior pressão de desflorestamento, nos últimos anos, em fronteiras agrícolas mais novas.

PRODUTIVIDADE

O avanço de área plantada e maiores produtividades vistas em outras regiões do país ajudaram a compensar uma quebra de safra no Rio Grande do Sul, que voltou a ser atingido por uma seca este ano.

O relatório apontou aumentos da produtividade média em vários Estados, como os do Centro-Oeste, do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará), São Paulo e Paraná.

Isso favoreceu um salto de 23,9% na safra do país ante a temporada passada, quando a seca fez mais estragos no Sul brasileiro.

“A safra brasileira de soja 2022/23 driblou o clima ruim no Rio Grande do Sul, cuja produção está estimada em 15 milhões de toneladas, e tem avançado significativamente conforme os trabalhos de colheita indicam produtividades excelentes e até mesmo recordes”, disse a consultoria em relatório.

Apesar da quebra no Rio Grande do Sul, que tinha potencial para colher mais de 20 milhões de toneladas, a safra gaúcha supera a do ano passado, que somou pouco mais de 11 milhões de toneladas.

EXPORTAÇÕES

A consultoria citou também especulações sobre quanto a Argentina poderá comprar de soja do Brasil, mas manteve sua estimativa de embarques totais em recorde de 96 milhões de toneladas, versus 78,7 milhões na temporada passada.

O Brasil está prestes a fornecer até metade da soja que a Argentina importará depois que a pior seca em 100 anos devastou seus campos e cortou a produção de 2023 quase pela metade, disseram analistas à Reuters.

“Caso essa demanda se confirme, com a produção recorde, os estoques finais ainda ficariam em 9 milhões de toneladas”, explica Ana Luiza Lodi.

Os estoques finais da safra anterior somaram apenas 700 mil toneladas, segundo a StoneX.

(Por Roberto Samora)

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