Se tem uma coisa que abomino é covardia. Principalmente praticada por alguém maior contra outrem menor. E não. Não falo de tamanho físico apenas. Este “maior” a que me refiro é bem mais amplo que altura e tamanho do bíceps. Falo de poder; de condição social, financeira ou intelectual; de força emocional; de abuso psicológico.

Já fui ameaçado – seriamente falando, e não estas imbecilidades de internet – e me dei muito mal. Sofri como cão sarnento em noite de inverno. Lutei e venci meu ameaçador, mas só eu sei o custo dessa vitória. Ameaça é como o terrorismo: é muito maior na nossa fantasia que na realidade. O estrago não é físico; é emocional.

Já fui “espancado” também. Coloquei aspas porque não foi um espancamento clássico. Eu era muito brigão na juventude. E, como todo brigão, uma hora você bate e outra hora você apanha. Mas jamais briguei com pessoas fracas e frágeis. Lado oposto, já apanhei de gente bem maior que eu. Pior. Apanhei e não reagi. Tive medo.

Há dois tipos de violência; a física e a psicológica. E afirmo sem pestanejar: ambas são devastadoras. A primeira deixa como marcas, cicatrizes e vergonha. Uma espécie de humilhação atemporal. A segunda paralisa e transforma a vítima em vegetal. Se e quando recupera-se plenamente, o trauma permanece por anos.

Bolsonaro é um psicopata clássico. E como todo psicopata clássico ele é cruel. Diante da oportunidade de “machucar” alguém inferior, machucará sem dó, piedade ou remorso. Ao mandar recado, através do sabujo Kajuru, ao senador Randolfe Rodrigues, o amigão do Queiroz pratica a covardia psicológica que mencionei.

Acaso encontrasse, tête à tête, aquele que ameaçou, o pai do senador das rachadinhas e da mansão de 6 milhões de reais nada lhe faria. No máximo, o ofenderia. Talvez encenasse uma possível agressão, esperando a “turma do deixa disso” entrar em cena. Os psicopatas nem sempre são valentes. Apenas posam de valentes.

Ameaçar bater em rapaz de meia-idade, franzino e de modos frágeis é fácil. Gostaria de ver essa valentia toda contra alguém à altura. Que tal o Jair tretar com alguém psicologicamente similar? Que tal o devoto da cloroquina “sair na porrada” com o Adélio Bispo, o lunático que tentou lhe matar a facadas? Vá lá, valentão.