BRUXELAS, 2 JUN (ANSA) – Em meio às promessas de que cumprirão as regas estipuladas no Acordo de Paris sobre o clima, os líderes da União Europeia e da China assinaram 10 memorandos de entendimento para uma “melhor cooperação” nesta sexta-feira (2).   

Os acordos vão desde a questão de melhoria de segurança no comércio a cooperação nas fronteiras, da proteção da propriedade intelectual ao turismo, do cofinanciamento da pesquisa ao reconhecimento recíproco dos produtos com origem em indicações geográficas e à cooperação energética.   

O premier chinês, Li Keqiang, afirmou que seu país foi à reunião em Bruxelas para tentar “definir da melhor maneira como garantir o comércio livre” e, junto a isso, “apoiar as regras multilaterais, porque se não for assim, o mundo virará uma selva”.   

“A China sempre apoia as regras, incluindo aquelas da Organização Mundial do Comércio. Só com regras, temos bases para negociações e nós podemos falar ao invés de ficar nos atacando”, afirmou Li Keqiang.   

Durante o discurso, o premier afirmou ainda que está usando a “estabilidade” nas relações entre o bloco econômico e Pequim para “combater as crescentes incertezas no mundo”.   

“Sobre as questões principais, nós dividimos a mesma filosofia.   

Concordamos que devemos andar adiante com a perspectiva da globalização e torná-la mais inclusiva, equilibrada e com benefícios para todos. A globalização trouxe benefícios para a China, para a Europa e para muitos países do mundo. Os benefícios são evidentes, mas não negamos que há também aspectos negativos”, acrescentou.   

Por sua vez, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ressaltou que, entre os principais problemas a serem debatidos com os chineses, estão o problema do “dumping” na economia, que já gerou reclamações formais da UE à OMC, e “a supercapacidade chinesa na produção de aço”.   

Juncker lembrou que o bloco começou suas ações de “defesa comercial”, destacando que isso “não se trata de protecionismo, mas que está perfeitamente em linha com as obrigações internacionais e com as regras da OMC” para que todos tenham um “comércio leal”.   

Para o líder europeu, ainda há espaço para as empresas europeias crescerem no país asiático, mesmo com as dificuldades, e que o encontro dessa sexta-feira é fundamental para uma “mudança” positiva nessa relação.   

– Clima: Apesar de estar há mais de um ano agendado, o encontro entre líderes da União Europeia e da China não poderia acontecer em um momento mais oportuno.   

Menos de 24 horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a saída do país do Acordo de Paris sobre o clima, os representantes de ambos os lados defenderam a proteção ao meio-ambiente.   

Os representantes de ambos os lado se comprometeram a cumprir o Acordo de Paris e informaram que vão trabalhar juntos para implantar novas tecnologias, especialmente, no que tange a área de produção energética renovável.   

Antes de receber lideranças chinesas em Bruxelas, Juncker,afirmou que a luta contra as mudanças climáticas “hoje é mais importante do que ontem” e que “China e União Europeia estão alinhados para soluções em comum”.   

“Nossa mensagem ao mundo é que não se voltará para trás na transição energética, não se volta atrás no Acordo de Paris”, ressaltou.   

– Protestos: Cerca de 100 manifestantes se reuniram em Bruxelas para cobrar que a União Europeia exija da China o cumprimento de acordos em temas relacionados aos direitos humanos.   

De acordo com o protesto, organizado pelas ONGs Anistia Internacional e Human Rights Watch, Pequim faz repressão contra a minoria uigur na província de Xinjiang.   

“O diálogo entre Bruxelas e Pequim sobre os direitos humanos começou, mas os resultados não são vistos, seja sobre a pena de morte, seja sobre as discriminações contra a população do Tibete e dos uigures de Xinjinag. Pedimos aos líderes da União Europeia para voltar a colocar os direitos humanos na agenda das relações com Pequim para que a China não fique só nas promessas”, disse Philippe Givron, da AI Bélgica, à ANSA. (ANSA)