Em 2013, o Facebook tentou comprar o SnapChat, então apenas um promissor aplicativo de mensagens por US$ 3 bilhões. Na época, o criador do SnapChat Evan Spiegel surpreendeu o mercado ao negar a oferta e seguir com sua companhia de modo independente. Em março deste ano, quando a Snap (empresa responsável pelo SnapChat) fez sua oferta pública na Nasdaq e foi avaliada em US$ 28 bilhões, o plano de Spiegel parecia ter dado certo.

Entretanto, o primeiro balanço financeiro da empresa após a oferta na bolsa pinta um quadro bem diferente. Em seu primeiro trimestre como empresa listada na Nasdaq, a Snap teve prejuízo de US$ 2,2 bilhões, um valor muito maior do que os US$ 104 milhões do mesmo trimestre do ano passado, como observou o The New York Times.

Operar no vermelho é algo extremamente comum em empresas do Vale do Silício, e mesmo nomes mais conhecidos, como Twitter ou Amazon, têm histórico de prejuízos. Também é relativamente comum que as ações de startups caiam logo após a divulgação do primeiro balanço, quando muitas vezes os números não alcançam as expectativas do mercado. Mas, no caso da Snap, o valor do prejuízo e a perspectiva de uma concorrência cada vez mais acirrada com o Facebook assustaram os investidores, e as ações caíram mais de 25% poucas horas após a divulgação do balanço.

Jogo de gato e rato

O grande desafio da Snap agora é provar para o mercado que pode ser um canal eficiente de publicidade, principalmente junto ao público mais jovem, mesmo com a fortíssima concorrência do Facebook. A seu favor, a empresa tem uma base de usuários de 166 milhões de usuários e ainda em fase de crescimento. Melhor ainda, a maioria dos usuários é jovem e mais atraente para anunciantes.

Por outro lado, a Snap enfrenta a cada vez maior concorrência do Facebook. A empresa de Mark Zuckerberg vem sistematicamente copiando recursos do SnapChat e implementando as novidades não só ao Facebook, como também ao Instagram e ao WhatsApp. Foi o caso, por exemplo, do Instagram Stories.

A brusca queda das ações da Snap também teve repercussões para outras startups que ainda não dão lucro, como o Spotify. Em longa reportagem, o The New York Times relata que investidores começam a recomendar mais cautela com relação a “unicórnios”, como são conhecidas as startups que chegam rapidamente a um valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão.