Mais planejamento e coordenação entre governo federal e subnacionais têm potencial de aumentar os investimentos em infraestrutura no Brasil, aponta o Relatório Brasil 2023, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta segunda-feira, 18. Além disso, a redução de riscos associados aos projetos poderia incrementar o financiamento privado e internacional.

O relatório pontua que esse tipo de investimento é baixo, na comparação internacional, e até diminuiu. “Os gastos públicos com infraestrutura têm entregue resultados frequentemente aquém das expectativas nas últimas décadas. Melhorias no planejamento e execução de projetos podem substancialmente melhorar o desempenho do investimento público em infraestrutura. Mais de 30% dos projetos de infraestrutura pública são interrompidos a cada ano e temporariamente ou permanentemente paralisados”, observa o documento.

De acordo com a OCDE, a maioria dos investimentos do setor público tem sido executada pelos entes subnacionais, que carecem das capacidades técnicas necessárias para a preparação e aquisição de projetos de infraestrutura. “Além disso, os planos locais de infraestrutura nem sempre estão alinhados com as prioridades federais, e um monitoramento consistente dos gastos com infraestrutura entre diferentes níveis de governo é difícil. Abrir fontes adicionais de investimento privado será essencial para preencher as lacunas de financiamento de infraestrutura a médio prazo”, pontua o documento.

A OCDE também alerta para os danos à infraestrutura causados por eventos climáticos. O relatório aponta que esses danos já são prejudiciais ao crescimento e representam aproximadamente 1,3% do PIB em perdas anuais. “A infraestrutura pública é particularmente vulnerável a choques climáticos em meio a uma urbanização rápida, não planejada e descontrolada. Secas frequentes e temperaturas em alta criarão desafios para o fornecimento de energia, especialmente de fontes hidroelétricas”, diz.

Os dados estão no Relatório Econômico Brasil 2023, divulgados pela OCDE e Ministério da Fazenda nesta segunda-feira. O documento examina o desempenho econômico do País diante de desafios globais e do mercado interno, trazendo recomendações para o enfrentamento de desafios estruturais, com vias de garantir ao Brasil um crescimento robusto, inclusivo e sustentável a médio e longo prazo.